Ricardo Patah
Presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores - UGT
12/06/2013
A preocupação com a independência energética, aliada à pesquisa tecnológica nos Estados Unidos, produziram um fenômeno novo no campo da energia: os americanos começaram a produzir gás de xisto! José Goldemberg, professor emérito da Universidade de São Paulo, diz: A possibilidade técnica de usar esse gás é conhecida há muito tempo, mas o custo de exploração só a tornou viável nos últimos anos.
A partir do ano 2000 houve uma "explosão" no aumento da produção: em 2000 o gás de xisto representava 1% do gás natural produzido nos Estados Unidos, em 2010 eram 20% e existem previsões de que em 2035 serão quase 50% (Estadão, 20-05)".
A bomba é maior quando se verifica o custo do gás de xisto, apenas um quinto do preço do gás vendido no Brasil: aqui, para um milhão de BTU, 9 dólares, nos Estados Unidos apenas 1,82 dólares. O resultado dessa nova realidade é a reorientação dos investimentos.
Empresas que têm um terço de seus custos em energia, casos de cerâmica e vidro, química e petroquímica, vão parar de produzir no Brasil e importar produtos acabados. Já anunciaram a interrupção de produção no Brasil a Cebrace, a Guardian e a AGC Vidros.
O governo, que só toma medidas emergenciais e de última hora, anunciou de desoneração dos impostos para o setor químico.O Brasil, ainda sem tecnologia própria, tem reservas de xisto estimadas em 6,4 trilhões de metros cúbicos, mas está atrás de China, Estados Unidos, Argentina, México, África do Sul, Austrália, Canadá, Líbia e Argélia. Para focalizar somente países emergentes, a China possui reservas seis vezes maiores do que o Brasil, o México três vezes, a África do Sul duas vezes maior.
Somente agora, depois que a bomba americana foi divulgada nos jornais é que a ANP (Agência Nacional de Petróleo) incluiu a exploração do xisto no próximo leilão de blocos de gás, previsto para o final de outubro.
O Brasil está entrando tarde na corrida pelo gás de xisto, atrasado na produção nacional de gás e petróleo, negligente na construção de novas hidrelétricas, sem política adequada para o etanol, sem saber quando vai poder utilizar energia aeólica e, enfim, expondo o nosso apagão de inteligência.
Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores- UGT
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