Enilson Simões de Moura
Vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores
22/08/2024
Foi suicídio? Não, foi assassinato! Muitas escolas da chamada “elite” promovem o que se chama de “inclusão”. Pegam alunos da periferia, preferencialmente negros e os “jogam” nas salas de aula com outros alunos, brancos, ricos, preconceituosos desde o berço. Sim, seus pais, justamente por procurarem escolas como o Bandeirantes, uma escola que promove a competição exacerbada, a meritocracia de coach, já demonstram o que são.
Esses alunos bolsistas serão discriminados nas festas. Não levarão presentes valiosos para os seus coleguinhas. Em uma escola da zona Oeste em São Paulo, os alunos avaliam os presentes pelo papel de embrulho. Querem identificar se o presente será de uma loja de nome, de marca, ou será de uma “Casas Bahia” qualquer. Esses alunos não vão passar suas férias em estações de esqui, não irão à Disney. Esses alunos não usarão tênis de marca, mochilas de grife, relógios digitais. Não terão Iphone, muitos sequer terão celular. Mas estarão carregando todas as expectativas de seus pais que sabem o quanto vale uma boa educação. Uma boa educação que deveria ser cultivada nas escolas públicas, com a valorização dos professores, do material didático e da infraestrutura. Mas qual, essas escolas de “elite” lavam suas mãos, colocam esses alunos dentro de suas salas de aula para se purgarem da enorme culpa que carregam por usurparem anualmente as vagas nas universidades públicas que deveriam ser, preferencialmente, de alunos das escolas públicas.
Atenção pais! Querem uma sociedade melhor? Apoiem a escola pública, gratuita e de qualidade. Sem ela, não haverá futuro. Um ou dois alunos bolsistas por sala em uma dessas escolas de “elite” só vão deformar o mundo.
O relato do garoto que morreu, vítima da “formação de berço” dos alunos do Bandeirantes é um grito de advertência. Com certeza, não será ouvido. Consta que o colégio sequer procurou os pais para confortá-los. Mandou uma coroa de flores para o velório. Assim agem as “elites”. Elites da soberba, da canalhice total que pensam, dessa forma, “estar contribuindo para o nosso belo quadro social” como cantava Raul Seixas.
O que acontece no Bandeirantes acontece em praticamente todas as “escolas de elite” que promovem a inclusão social. Exibem os filhos da periferia como animais em um zoológico e dizem que “fazem ações sociais”. Canalhas é o que são.
O sangue desse garoto está nos muros desse colégio. Está nas mãos de seus diretores e coordenadores. Está nas mãos de seus professores. Está na casa dos pais de seus “coleguinhas” de classe.
O adolescente também era gay. Supremo “pecado” para as famílias de bem que apostam em seus meninos usando azul e suas meninas usando rosa. Hipócritas!
Que sua morte não seja em vão e que seu sangue pese sobre seus assassinos que ficarão impunes.
Enilson Simões de Moura – Alemão
Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável
Vice-Presidente Nacional da União Geral dos Trabalhadores - UGT
UGT - União Geral dos Trabalhadores