Enilson Simões de Moura
Vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores
03/05/2023
O que está em jogo no Projeto de Lei em questão são vidas humanas. Depois dos ataques às escolas, os nobres deputados resolveram fazer esse PL caminhar aceleradamente, mas, bastou que interesses particulares e corporativos surgissem para que se pusesse o “pé no freio”. As Big techs não querem nenhuma legislação em nome da “liberdade de expressão”. Entenda-se essa “liberdade” como impunidade para promover os discursos de ódio e a apologia aos crimes. Esses temas lhes rendem bilhões de dólares.
Grupos neonazistas também possuem seus representantes que atendem pela alcunha de “bolsonaristas”. Eles, tão apaixonados pela ditadura também querem, pasmem, a mesma “liberdade de expressão”. Só que possuem um entendimento muito “especial” de liberdade. Para eles, “liberdade” é poder mentir, atacar, acusar, praticar bullying, enxovalhar a moral alheia, invadir escolas e apontar o dedo para os professores como fazia a “Escola sem Partido”. Hipócritas!
E o que não dizer dos deputados que querem imunidade para eles? Querem poder mentir sem pudor, atacar reputações e destruir vidas. Difícil encontrar nos anais da República semelhante cara-de-pau.
A cereja do bolo dos canalhas vai para a bancada evangélica que, em nome da “liberdade religiosa” quer poder atacar LGBTQIAPN+, religiões afro e qualquer um que se interponha e seus caminhos. O Brasil não pode continuar se submetendo à chantagem desses inescrupulosos. Liberdade implica que limites, em reconhecimento dos direitos do outro. Sem isso não é liberdade, é autoritarismo, negacionismo, a pior das ditaduras.
A Rede Globo, no último domingo, mostrou uma matéria assustadora do poder desses aplicativos abrigados em plataformas. O “Discord” tem disseminado cruéis atrocidades contra crianças de maneira impune. Uma menina de 13 anos ateou fogo em um gato e depois em seu próprio apartamento diante de uma audiência que pedia mais e mais. Ela, encantada com a destruição, dizia: “da hora!”.
As redes disseminam opiniões que acabam por se tornar virais em detrimento de argumentos alicerçados cientificamente. A democracia não pode ser o lugar no qual o homem desinformado deve predominar. Pelo contrário.
Sob o pretexto de promover o debate, qualquer ponto de vista, muitas vezes colocado como desejo de autoafirmação, se torna um motivo de discussão visando a provocação, o afronte. Nos últimos dias, por exemplo, quem era “economista” virou “especialista em capivaras”. E dá-lhe palpites infelizes.
É urgente que o debate seja democrático, transparente e que não privilegie ninguém. Estamos tratando de vidas humanas. Nossas crianças estão morrendo e se submetendo aos monstros da internet.
Não é hora para o inescrupuloso presidente da Câmara usar dessa urgência para “negociar cargos”. Tal atitude é vil, espúria, chocante.
Não se trata apenas de fake news. É de vidas que se trata.
UGT - União Geral dos Trabalhadores