27/11/2012
27/11/2012
por Edison Laércio de Oliveira*
Anualmente, diretores da Federação da Saúde paulista e trabalhadores se reúnem para debater sobre o sistema de saúde brasileiro. Fazer uma análise sobre as políticas adotadas para o setor e seus reflexos para os profissionais que atuam na área permite a todos adquirir uma visão mais ampla do seu próprio trabalho, mas também quais são os objetivos que governos e empresários querem atingir.
Mais ainda. Oferece aos participantes maior clareza em relação ao nível de qualidade de atendimento em saúde que tanto a iniciativa privada quanto as autoridades públicas querem para os brasileiros. Pode-se afirmar com segurança que a saúde no Brasil é balizada pelas ações do governo central. Tanto a pública como a privada.
E a saúde pública no Brasil pede socorro. Relegada por governantes e gestores, só é lembrada em períodos eleitorais, quando recebe atenção e é o assunto preferido da maioria dos candidatos, junto com a questão educacional, outro problema que segue na UTI.
E foi num destes rompantes eleitorais, senão eleitoreiros, que a presidente Dilma Rousseff assinou documento no qual se comprometia a aprovar a Emenda 29, importante mecanismo de definição dos investimentos em saúde por municípios, Estados e Governo Federal. A aprovação desta proposta daria ao setor maior autonomia e o mesmo não ficaria mais à mercê de uma política que desqualifica a dignidade do indivíduo.
O Congresso aprovou a Emenda 29, mas a senhora Dilma Rousseff tratou de torná-la inócua, ou seja, incapaz de produzir o efeito pretendido, qual seja garantir recursos suficientes para que novos investimentos sejam feitos no setor e, consequentemente, se possa conseguir melhoria na qualidade de atendimento.
Pagamos o preço por acreditar em políticos que não honram a palavra dada, que falam o que pode render votos com a certeza da impunidade ao descumprir a própria promessa. E se temos uma saúde pública pobre, atrasada, desrespeitosa com a população, por que vamos cobrar algo de primeiro mundo dos estabelecimentos que integram a saúde suplementar?
O resultado é que a população é empurrada para os planos de saúde na esperança de obter melhor atendimento. Não raro, passa a pagar dobrado para continuar a ter um atendimento deficiente. E é neste panorama que se encontram perto de 3 milhões de trabalhadores da área da saúde que lutam bravamente para oferecer um atendimento minimamente digno para a população a despeito dos baixos salários, da falta de incentivo e de investimento que permeia o setor.
Infelizmente, a presidente Dilma não foi capaz de fazer esta leitura e enquanto não houver uma mudança neste quadro, a saúde continuará em estado crítico e a batalha dos trabalhadores pela sobrevivência será penosa.
*Edison Laércio de Oliveira é presidente da Federação dos Trabalhadores do Estado de São Paulo e do Sindicato da Saúde Campinas e Região
UGT - União Geral dos Trabalhadores