05/05/2011
05/05/2011
Depois da trágica morte de doze crianças por um revólver ilegal que custou ao criminoso R$ 200,00 mais R$ 60,00 de taxa de intermediação para se obter a arma, o Brasil inteiro volta sua atenção para o desarmamento de nossa população. A ponto de ter antecipado o lançamento da Campanha Nacional de Desarmamento para o próximo dia 6 de maio.
De acordo com levantamento de 2010 feito pelo Ministério da Justiça, o Brasil tem 16 milhões de armas, das quais 47,6% na ilegalidade. Com 34,3 mil homicídios ao ano, o País é o campeão mundial de mortes por armas de fogo, em números absolutos. No entanto, desde a aprovação do Estatuto do Desarmamento em 2003, ou seja, entre 2004 e 2010, a taxa de mortalidade por armas de fogo caiu 8%. Ou seja, desarmar a população reduz as absurdas estatísticas de morte no Brasil.
De acordo com Marcos Rolim, autor do livro Desarmamento - Evidências Científicas" (Palmarinca/Editora da Casa, Porto Alegre, 2005), "A maioria dos homicídios foi causado por armas de mão, revólveres e pistolas". Essas armas, registra o autor, respondem por cerca de 63% de todos os homicídios no Brasil. Entre 1979 e 2003, mais de 550 mil pessoas morreram no país, vítimas dessas armas. Do total das mortes, 44,1% referem-se a jovens na faixa de 15 a 24 anos, que hoje poderiam estar entre nós, para alegria de suas famílias e para consolidar o tecido social brasileiro.
De acordo com Melina Risso, diretora da ONG "Sou da Paz", que desde 2003 faz parte do programa de Controle de Armas, ao lado do Governo Federal, "estudo feito pelo Centro de Análise e Planejamento (CAP) da Polícia Militar, de 2007, mostra que as armas apreendidas por pessoas que de alguma maneira estavam cometendo algum crime são armas de fabricação nacional."
Ou seja, a indústria nacional de armas alimenta a criminalidade. "Isso é um fato, não há argumento contra. Por exemplo, a chefe da balística de São Paulo afirma que praticamente todas as armas que chegam para ela fazer uma análise são de fabricação nacional", afirma Melina Risso.
Para reforçar ainda mais a necessidade de desarmamento da população, Melina Risso descobriu em suas pesquisas que "apenas no Estado de São Paulo, um terço das armas registradas pelas empresas de segurança privada foram furtadas. Nós tínhamos aproximadamente 69 mil armas registradas pela segurança privada e quase 24 mil tinham sido furtadas no mesmo ano".
No próximo dia dia 6 de maio está previsto o lançamento de uma grande Campanha Nacional de Desarmamento, antecipada em um mês em função da tragédia da morte das crianças estudantes em Realengo, no Rio.
A campanha será coordenada por um conselho formado por outros órgãos do governo, como a Secretaria Especial de Direitos Humanos e o Ministério da Defesa, e também por Senado, Câmara dos Deputados, secretarias estaduais e municipais de Segurança Pública, entidades como OAB, CNJ e CNBB, além de ONGs.
O lobby dos fabricantes de armas não foi convidado. Mas estarão, por certo, atuando como sempre fizeram. Nos bastidores, ao pé do ouvido de alguns deputados e senadores. Pois enquanto que para nós da UGT, armamento é morte. Para os fabricantes de armas, "armamento é lucro".
Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trablahadores"
UGT - União Geral dos Trabalhadores