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ARTIGOS



A UGT e a política pública de Comunicação Social


23/06/2009



Da Secretaria de Divulgação e Comunicação da UGT

A Conferência Nacional de Comunicação Social, prevista para ocorrer entre os dias 1 e 3 de dezembro, deste ano, foi instituída pelo decreto presidencial de 16 de abril deste passado.

Como grande parte dos movimentos sociais já sabe, o evento terá como tema Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital". É neste evento que os grupos sociais organizados, entre eles a UGT (União Geral dos Trabalhadores) se apresentarão, da mesma maneira que a UGT vem agora apresentar suas propostas.

A primeira consideração a fazer é a reivindicação que a UGT faz de ser incluída entre as instituições da sociedade civil que compõem a Comissão Organizadora. Aliás, todas as centrais sindicais deveriam, automaticamente, ter assento na Comissão Organizadora, ainda mais no caso da UGT que agrega os seus 545 sindicatos filiados e reivindica ser representada no evento pelos seu diretor de comunicação social, Marcos Afonso de Oliveira, e pelo deputado federal Roberto Santiago, do PV-SP, seu vice-presidente.

De acordo com o decreto presidencial, a Conferência será organizada por oito representantes do Executivo Federal, dezesseis representantes da sociedade civil, divididos entre entidades do movimento social (7) , organizações do setor privado-comercial (8) e mídia pública (1). Os trabalhos serão encaminhados por meio de três comissões internas: 1) Comissão de Logística
2) Comissão de Metodologia e Sistematização
e 3) Comissão de Divulgação.

Nos preocupa o bom encaminhamento funcional da Conferência porque no Brasil Comunicação Social ainda é tido e havido como uma prática sob o controle das elites. Um controle que é exercido de forma elitista independente dos matizes ideológicos. Num país que tradicionalmente exclui seus trabalhadores, especialmente os de mais baixa renda, deixa de fora das principais decisões os desempregados e os excluídos socialmente, para se garantir o sucesso de uma Conferência de Comunicação Social deverá, antes de mais nada, garantir as vozes de todos os setores organizados. De outra feita, corre-se o lamentável risco de se comprometer o evento mobilizando apenas os grupos políticos que já estejam politicamente afinados com o núcleo das propostas.

Mais do que a garantia legal, com respaldo constitucional dos novos parâmetros de Comunicação Social no Brasil, é importante incluir a UGT e as demais centrais na Comissão Organizadora para dar legitimidade não apenas ao novo status legal que o evento fará emergir, mas porque a base operacional e tecnológica da nova comunicação social passará, também, pela alocação de meios digitais que serão colocados à disposição dos grupos que passarão a ter, pela primeira vez no Brasil, direito pleno à voz, através dos seus próprios meios de comunicação.

Aos trabalhadores brasileiros organizados em torno de suas centrais sindicais, confederações, federações e sindicatos será dado a voz e os instrumentos para se fazer ouvido seja através de canais de televisão, emissoras de rádio ou até mesmo meios impressos. É desta sinfonia e combinação social de várias vozes e opiniões que a sociedade brasileira perceberá todos os matizes que darão o tom à nossa sociedade civil organizada, vibrante e atuante a favor de um novo Brasil. Que é o que se quer e se busca com a iniciativa da atual Conferência Nacional de Comunicação Social.

Mostraremos para o Brasil todo que a sua classe trabalhadora já é plural há muitas décadas, abrigando em seu meio várias tendências políticas, assim como diversas manifestações culturais e sociais, mas que até o momento, em função da falta de meios técnicos (que a tecnologia digital garantirá) poderão se manifestar de maneira harmoniosa, integrando-se às grandes transformações sociais.

Interessa à UGT o que está registrado no seu Estatuto de fundação, ou seja, uma sociedade mais múltipla, que inclua e distribua renda, que gere oportunidades, que combine todos os esforços dos grupos sociais a favor de um Brasil muito mais democrático.

Mas a essência de qualquer democracia é o diálogo. E A UGT insiste em participar da Comissão Organizadora e estar à frente da Conferência Nacional de Comunicação Social porque não há diálogo quando apenas alguns atores têm voz, enquanto mantêm os demais calados. Não há convivência social, quando se trabalha para dar voz a alguns sem deixar claro o acesso dos demais aos instrumentos e equipamentos digitais que lhes garantiam ser ouvidos através de seus próprios canais de rádio ou de televisão.

Marcos Afonso de Oliveira, é Secretário de Divulgação e Comunicação da UGT

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