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ARTIGOS



Amazônia é desmatada porque gera lucros extraordinários para os predadores


29/05/2009



por José Francisco Pereira*

A exploração predatória da Amazonas é de responsabilidade exclusiva dos grandes grupos econômicos, mineradoras e empresas nacionais e estrangeiras, todas com suas matrizes fora da Região Amazônica, que vão para a região em busca de grandes ganhos. E que não hesitam em se valer de práticas predatórias, de desmatamento para aproveitamento de madeiras e utilização da área para agricultura ou pecuária extensiva.

Resumindo: a Amazônia está sendo devastada porque gera lucros extraordinários para seus predadores. E está completamente desprotegida, tanto pelos Estados que a compõem, quanto pelo Governo Federal.

A Amazônia é presa fácil em função de sua riqueza e a falta de políticas determinantes de proteção. Por exemplo, o Estado do Pará figura entre os maiores produtores de bens minerais do Ocidente. Isso se deve às suas reservas minerais, de escala internacional.

Os principais minerais encontrados em solo paraense são o ferro, o cobre, a bauxita, o ouro, o manganês e o caulim, além do grande potencial gemológico, principalmente no sudeste do Estado. O valor da produção mineral do Pará é o segundo do Brasil. Em 97 foi de US$ 2,1 bilhões, o que representou 20 % do PIB do Estado.

As exportações minerais, com U$ 1,8 bilhão, em 1997, representaram 80% do total do Pará.

A produção dos minérios atende a dez projetos industriais e cinco áreas de garimpo, com destaque para o Projeto Carajás e os garimpos do Tapajós.

Os predadores, sustentados por investidores que recolhem seus lucros a partir de escritórios que ficam na Av. Paulista, em São Paulo, ou nos grandes centros financeiros do mundo, não se preocupam com o fato de a Região Amazônica ser responsável por um quinto das reservas de água doce do mundo e por absorver o carbono diminuindo as consequências das mudanças climáticas globais.

Para os investidores-especuladores isso é discurso de ecologista. Porque o que os motiva é o lucro rápido, com baixo investimento e altos retornos. Além disso, se aproveitam da baixíssima densidade populacional da região, ocupada em sua extensão de 5.217.423 km2, a Amazônia Legal, por cerca de 25 milhões de habitantes.

São estes habitantes da região, o povo ribeirinho, em sua maioria dependente da floresta há gerações, que ainda resta como esperança de preservação. Mas que também é uma população que necessita de investimentos e políticas públicas que estimulem o desenvolvimento sustentável da Amazonas. Queremos desenvolvimento financiado a partir dos investimentos controlados nas riquezas locais. Mantendo na região, parte dos grandes lucros gerados com a exploração de suas riquezas. Do jeito que está é uma sangria desatada e irracional. Com as conseqüências desastradas para a região, para o ecosistema, para o Brasil e para o Mundo. Apesar da dramaticidade, a exploração predatória continuará, infelizmente.

Para interrompê-la é necessária uma ação agressiva dos governos locais e, em especial, do governo federal. Que se quiser terá o apoio da população ribeirinha e dos trabalhadores da Amazônia, para adotar políticas de crescimento sustentável. A alternativa, todos nós conhecemos: enquanto a Amazônia for deixada à disposição da exploração predatória continuará como fonte de lucros ilegais e extraordinários dos grandes predadores nacionais e internacionais.

*José Francisco Pereira é presidente da UGT Pará




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