23/01/2009
Marcos Afonso de Oliveira
Ao dar uma breve passagem de olhos no site da Agência Brasil, responsável pela divulgação de matérias do Governo Federal, deparei com uma entrevista do ministro Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, falando sobre o programa do governo no sentindo de incentivar o consumidor a tirar de casa as geladeiras velhas e trocá-las por novas.
Seria, além de tentar aquecer o comércio, uma contribuição no tocante à economia de energia. Na opinião do ministro, o programa resultará numa economia equivalente ao que é gerado por uma turbina da Hidrelétrica de Itaipu. No ano passado, cada turbina gerou em média 5,26 gigawatts/hora, ou o equivalente ao consumo de energia elétrica de seis meses, de uma cidade do porte de Campinas(SP).
A idéia não deixa de ser interessante. Aliás, o ministro deixa transparecer que, independente da crise econômica internacional que já mexe com os nervos das classes trabalhadora, política e empresarial brasileira, tem a existência ou a possibilidade de aparecer uma outra, no caso a energética. Mesmo que Miguel Jorge não afirme em sua entrevista que o Brasil corre tal risco, o lançamento desse programa, também com o objetivo de se economizar energia leva a tal presunção.
Outro benefício seria a redução da emissão de gases poluentes pelas geladeiras velhas. Tem outra: o projeto prevê a isenção de impostos para os fabricantes. Lógico, desde que não haja demissões em massa, como vem pedindo o presidente Lula, depois que a UGT entregou-lhe um dossiê com alternativas para o país enfrentar a crise. Até porque, a CEF(Caixa Econômica Federal) participa com a concessão de crédito a longo prazo para o consumidor. E consumidor desempregado não tem condições de comprar nada, quanto mais geladeira nova.
Avaliando pelo lado otimista, isso poderia até gerar novos empregos. Não só nas indústrias fabricantes de geladeiras como nas lojas e nos setores de reciclagem. Agora é preciso parar para pensar e ver se o empresariado não irá embutir no preço das geladeiras novas o valor pago para a velha nessa transação. Sem contar com as despesas decorrentes com o processo de desmontagem do equipamento procedente da casa do consumidor.
Com ou sem crise energética, essa idéia já deveria ter sido lançada porque o Governo sempre se preocupa com esse problema, a ponto de todo ano lançar o Horário de Verão.
Mas, convenhamos, antes tarde do que nunca.
(Marcos Afonso de Oliveira é Secretário de Divulgação e Comunicação da UGT).
UGT - União Geral dos Trabalhadores