11/05/2009
A Câmara dos Deputados retomou, nesta quarta feira (6/05), a discussão da reforma política em uma comissão geral. O eixo da discussão é o mesmo de dois anos atrás, quando o projeto foi derrotado em plenário: a votação em lista partidária nas eleições proporcionais e o financiamento público de campanhas.
Se depender da minha atuação dentro do plenário, a proposta será novamente derrotada. Porque acredito no respeito à vontade do eleitor ou eleitora, que quando vota escolhe diretamente o seu candidato e não uma lista que pode vir a ser manipulada pelos caciques partidários.
Meu mandato de deputado federal pelo Partido Verde começou a ser construído há décadas e foi temperado na mobilização nacional que o Brasil fez em torno das Diretas Já.
O esforço social e histórico que realizamos foi intenso, com enfrentamentos de polícia, com madrugadas gastas em discussões e organização de lideranças sindicais e populares para que tivéssemos, como conseguimos, o direito de eleição direta para presidente da República. Numa escolha também feita diretamente, sem a interferência de listas ou quaisquer outras barreiras.
O mesmo espírito do voto direto, em que nós eleitores escolhemos o candidato que mais se ajusta às nossas expectativas cidadãs, ainda predomina. Principalmente, por conhecermos de perto a fragilidade do sistema partidário no Brasil, em que algumas agremiações ainda bloqueiam burocraticamente a democracia interna, tendo ainda, lamentavelmente, o poder de eliminar no nascedouro as novas lideranças.
Lideranças que só conseguem chegar aos cargos eletivos, seja na Câmara dos Deputados, no Senado ou nas Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais com o apoio e voto direto das bases, sem depender e muitas vezes atropelando as manipulações dos caciques partidários.
Somos a favor das Diretas Já, sempre. E absolutamente contra o voto em listas. Pois, desnecessário reafirmar, perpetuaria no poder os atuais candidatos já eleitos e criaria uma barreira praticamente intransponível, para o acesso de novos líderes apoiados pelos movimentos populares.
Por isso, defendemos o voto distrital misto. Em que as comunidades organizadas por regiões, cidades ou bairros escolheriam o seu candidato ou candidata. Com a possibilidade muito mais real do que temos agora de acompanhar de perto o desempenho do político depois de eleito.
Defender a democracia é manter nossa memória histórica. E lutar com afinco para evitar que os oportunistas de plantão, temendo a punição implacável da opinião pública, criem mecanismos como a lista dos partidos para se perpetuar no poder.
Roberto Santiago, deputado federal (PV-SP)
UGT - União Geral dos Trabalhadores