23/08/2007
Ricardo Patah (*)
Uma vez mais uma turbulência financeira internacional volta a ser usada como pretexto para que conhecidas cabeças pensantes" do país defendam medidas recessivas.
Alguns desses arautos do caos, comprometidos com interesses que não são os da população brasileira, e muito menos da classe trabalhadora, que costuma pagar a conta nesses momentos de incertezas, têm se mobilizado em defesa do aumento do superávit fiscal primário e da desaceleração dos cortes da taxa Selic, alegando que o crescimento sustentado da economia brasileira está sob ameaça.
Ainda que nem tudo esteja bem na economia brasileira, economistas sérios e de visão isenta têm demonstrado que o Brasil revela atualmente uma força de que não dispunha nas crises anteriores, das décadas de 90 e do começo da atual.
As reservas internacionais do país ultrapassam hoje os US$ 160 bilhões, a divida interna não esta mais indexada ao dólar e o saldo na balança comercial revela um vigor expressivo. Além disso, o país não depende mais de financiamentos externos para fechar suas contas e a inflação encontra-se num patamar confortável, abaixo de 4% ao ano.
Um eventual agravamento da crise financeira externa certamente poderá afetar as exportações, com a redução da demanda por produtos brasileiros, provocando uma redução do ritmo de crescimento. No entanto, todos os indicadores demonstram que a expansão atual da economia brasileira está baseada principalmente no mercado interno, e não nas exportações. A ampliação do investimento e do consumo tem sido a grande responsável pela retomada recente vivida pelo país.
Que interesses podem estar por trás das tentativas de alarmar a população e afastar os investidores? O que está por trás dos apelos à "prudência" e do esforço para ampliar os possíveis efeitos e riscos de uma crise cuja extensão e desfecho são impossíveis de serem previstos? O que eles pretendem, quando figuras acima de qualquer suspeita, no Brasil e no Exterior, garantem que não há nenhuma razão para pânico neste momento?
O movimento sindical está convencido de que haverá conseqüências muito mais graves para a atividade econômica, para o nível de emprego, para o crédito e para o consumo se o Banco Central voltar a manter a política de juros altos, que apesar dos cortes promovidos pelas autoridades monetárias, ainda se encontra num patamar estratosférico, mais de três vezes maior que a média internacional.
O Brasil pode e precisa dar continuidade ao atual processo de crescimento, mesmo que a economia internacional desacelere seu ritmo. O governo deve apenas fazer a sua parte, reduzindo a carga fiscal e realizando investimentos em infra-estrutura, de forma a reduzir custos empresariais e aumentar a oferta de empregos e formalização dos postos de trabalho. O resto é pretexto.
(*) Ricardo Patah é presidente da UGT - União Geral dos Trabalhadores e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo "
UGT - União Geral dos Trabalhadores