21/07/2007
*Ricardo Patah
A sociedade brasileira tem exigido cada vez maior representatividade das suas instituições em todos os níveis. Isso se aplica a todos os setores organizados da sociedade. Mas é no movimento sindical que essa exigência tem se mostrado a cada dia mais premente.
Ao longo de mais de duas décadas de atuação, as principais centrais sindicais brasileiras perderam a oportunidade de apresentar um projeto nacional capaz de garantir sua unidade e, dessa forma, refletir a sua representatividade. Hoje, essas entidades estão partidarizadas e tornaram-se trampolins para a conquista de cargos políticos, esquecendo-se do seu papel de articuladoras dos movimentos sociais de todas as categorias econômicas e defensoras das necessidades e aspirações dos brasileiros, não apenas como trabalhadores, mas também como cidadãos.
Existem várias causas para essa visão limitada e para a inércia atual do movimento sindical. A principal é a falta de unidade e de disposição de seus dirigentes em participar efetivamente de uma interlocução social não monopolística, ampla, autônoma, igualitária e ética com a sociedade brasileira. Mas as atuais centrais sindicais estão distantes da sociedade, também, por não enxergarem o país além da visão do corporativismo.
É importante que o movimento sindical passe a incorporar outros temas às questões fundamentais que são objeto da sua atuação, como o desafio da inovação tecnológica, a necessidade da preservação ambiental e a melhoria da condição de vida, moradia, saúde, educação segurança, cultura e lazer da sociedade. Acima de tudo é fundamental assumir a participação dos excluídos do mercado de trabalho, ou seja, os desempregados, os trabalhadores na informalidade e os que estão à margem do processo produtivo. Sem agregar essa expressiva parcela da população brasileira, nenhuma entidade sindical pode pretender representar nacionalmente os trabalhadores.
A agenda do sindicalismo moderno deve ter o ser humano como centro. Nesse sentido é preciso defender um modelo de desenvolvimento que tenha compromisso com a vida e elimine a injusta distribuição de renda hoje existente, por meio de programas de inclusão social, de qualificação e re-qualificação profissional, de proteção às mulheres, aos jovens e aos idosos, de respeito à diversidade e de promoção da igualdade de direitos e cidadania para todos os indivíduos, sem exceção.
A base de sustentação política e institucional de uma central sindical é a prática da democracia participativa e da solidariedade nas ações de organização e defesa da classe trabalhadora e da sociedade. Disso depende a manutenção e ampliação da sua representatividade. E disso os sindicatos e associações que reúnem os trabalhadores brasileiros não devem abrir mão se quiserem fugir dos atuais limites do movimento sindical e abrir seus horizontes para a modernidade.
*Ricardo Patah
é presidente da UGT - União Geral dos Trabalhadores
e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores