ARTIGOS

Hoje não é mais 28 de abril, hoje já estamos no mês de maio. Mês das noivas; mês das flores; mês das mães; mês dos amores.... Amores que também ficaram pelo caminho. Amor de mães por filhos mortos ou acidentados no trabalho. Esposas, companheiros. Filhos e filhas órfãos das vítimas que o trabalho ceifou.

Encerramos mais um mês de abril, cujo dia 28 dedicamos em Memória as Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. Não só este dia; não só este mês. Trabalhadores e trabalhadoras: Presente! Ontem, Hoje e para Sempre!

O movimento Abril Verde nos conduz a reflexões. Nos alerta. Nos cobra. Nos motiva a manter a nossa luta por melhores e dignas condições de trabalho e vida aos trabalhadores. Abril Verde nos diz: Basta. BASTA! De mortes e doenças provocadas por irresponsabilidades daqueles que deviam prezar por nossa integridade física e mental. Somos produtores de riquezas, somos a força motriz deste país. Somos povo brasileiro e exigimos respeito!

Idealizado por um grupo de prevencionistas de todo o país comprometidos com a causa da saúde do trabalhador, e, conduzido por um abnegado técnico de segurança do trabalho do Paraná, este Movimento criou forma, corpo, consistência, resistência e este ano teve seu marco alcançando grandes conquistas. E grandes denúncias. E grandes oportunidades de crermos que um outro mundo ainda é possível.

Através de ações, eventos, encontros, discussões, presencial, online, hibrido, o tema da saúde do trabalhador foi além dos muros de fabricas, prédios de shoppings, ruas do comércio, escritórios e instituições públicas e privadas, para nos alertar mais uma vez: Nossos amores estão morrendo produzindo riqueza para poucos, e produzindo tristezas para muitos. BASTA!

Abaixo, o relato do companheiro Adir de Souza – aquele citado acima, abnegado, incansável e condutor deste fio que é seguido por muitos de nós que acreditamos na força do trabalho; na mão que limpa; no colo que acolhe; no suor que transforma; no trabalho que engrandece o ser humano. Com a palavra escrita, Adir de Souza. Nosso reconhecimento ao Adir:

          “Dia mundial em memória das vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho: fiquei comovido quando neste dia vi o ato público no Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro em conjunto com a Arquidiocese no Santuário do Cristo Redentor. O Cristo Redentor, todo iluminado de verde em alusão ao Movimento Abril Verde contou também com uma exposição fotográfica, banners com a marca que nós criamos para o movimento e demais materiais. A nova revista da série MPT é sobre o Movimento Abril Verde com entrevista da Dra. Érica, especialista em saúde e segurança do trabalhador. Diversas pessoas que sofreram acidentes durante o labor estão representadas e relatam suas histórias.

                   Um feito que nos orgulhamos muito, porque foi originado pelo coletivo dos dirigentes sindicais de segurança do trabalho de uma entidade pequena sem recursos materiais e financeiros, e podemos afirmar sem exageros que foi resultado de muito trabalho e dedicação mas para nós mudou o mês de abril para sempre.

              Este ano de modo especial o Movimento Abril Verde aconteceu em muitas atividades e eventos em todo o Brasil tais como os setores:

- Econômicos e empresariais;

- Organizações da sociedade civil;

- Prefeituras municipais;

- Secretarias de saúde;

- Centro de Referência em Saúde do Trabalhador;

- Organização de espaço de controle social como fóruns, plenárias, encontros;

- Sindicatos de trabalhadores, e de empregadores;

- Inúmeras oficinas on-line; lives; seminários;

- Encontro de CIPAs, e SIPATs;

- Centrais sindicais:  UGT nacional e UGT Estadual Paraná.

         Para nossa felicidade temos muito a comemorar e agradecer; mais que isso, precisamos divulgar esse sucesso porque não é nosso sucesso, é a consolidação de todo um trabalho de equipe, de movimento, de ação. Não podemos negar que esta valorosa contribuição na criação de uma nova cultura de prevenção e de cuidado no mundo do trabalho que mata e mutila trabalhadores tem muito de nossa determinação. De nossa visão de mundo. De que cuidar de pessoas e protege-las, de alguma forma, sempre será nossa meta e nosso ideal. O ideal da classe trabalhadora. Um pelo outro. Todos juntos. Ninguém ficará para trás.

          Encerro dizendo o quanto é triste e assustador ver trabalhadores, nossos pais de família com suas vidas ceifadas e adoecendo pelo trabalho. Para nós dirigentes sindicais é uma causa nobre, não podemos naturalizar nem mesmo com o surgimento de novas e modernas tecnologias pois sempre precisaremos da ação humana do trabalhador e da trabalhadora.

       Poetinha, como era conhecido o grande Vinícius de Moraes, quando escreveu \" Um Operário em Construção \", reconheceu:  - para onde você olhar irá ver a mão do TRABALHADOR.

E o operário ouviu a voz

De todos os seus irmãos

Os seus irmãos que morreram

Por outros que viverão.

Em operário construído

O operário em construção.

Adir de Souza

Secretário Adjunto de Saúde e Segurança no Trabalho

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