Luiz Carlos Motta
Deputado federal (PL/SP), em exercício. Presidente da Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo (Fecomerciários), vice-presidente da UGT Nacional
25/06/2020
Em meio à pandemia da Covid, as economias de mais de 190 países tentam se adaptar à realidade atual e frear as ameaças de recessão. A pandemia está mudando as relações sociais e econômicas.
A propagação do vírus ampliou o acirramento político entre a União, os Estados e municípios e, nos últimos tempos, a polarização se inflamou. Especialistas projetam possíveis cenários. Uns mais pessimistas, outros menos. A crise política gera mais incerteza e agrava a situação econômica. Crise na saúde, na economia, no setor de petróleo e crise institucional.
A confiança para atrair investimentos fica bastante reduzida, e a precarização do emprego com as perdas dos direitos trabalhistas e a possibilidade de um impulso da automação restringem ainda mais a geração de empregos. Especialistas em relações internacionais, cientistas sociais, analistas e “experts” políticos alertam para os riscos e os problemas que virão pela frente.
O primeiro desafio será superar a crise dentro da crise. A postura negacionista do presidente é um obstáculo e pode isolar ainda mais o país. O cenário mais pessimista é a possibilidade de uma radicalização de o liberalismo econômico aprofundar o apartheid social, uma economia pífia, com dívida pública multiplicada por muitos fatores, um país desestruturado e sem rumo.
O segundo cenário é de a crise possibilitar a reconstrução de um pacto social pela defesa do Brasil democrático com sindicatos, organizações da sociedade civil, partidos políticos, poderes, imprensa.
É fundamental valorizar o papel da rede de ensino e pesquisa, do Sistema Único de Saúde e fortalecer a luta contra as políticas que pretendem se aproveitar do momento para avançar em seus projetos de destruição das conquistas sociais e dos direitos do trabalho.
Embora o presidente Bolsonaro venha perdendo parte significativa de sua popularidade, ele ainda detém apoio de segmentos da população que se sentem legitimados a terem comportamentos irresponsáveis, como a realização de atos em defesa do fim do isolamento social, do fechamento do Congresso Nacional e do STF.
É importante destacar o posicionamento firme da maior parte dos governadores em relação à política de isolamento social. Destacar as ações do Congresso Nacional para mitigar os efeitos da crise, como a aprovação do auxílio emergencial de R$ 600, o socorro a Estados e municípios (R$ 120 bilhões), o apoio às micro, pequenas e médias empresas, R$ 2 bilhões para as Santas Casas, proibição do desligamento de serviços essenciais como água e luz por falta de pagamento.
E valorizar o papel de vários meios de comunicação, associações diversas da área de saúde e outras organizações da sociedade civil visando fortalecer o discurso em defesa da ciência e da orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o enfrentamento ao coronavírus.
Reabertura do comércio Conforme análise da situação da pandemia em cada região. Plano de reabertura gradual, limitação de quantidade de clientes, obrigatoriedade do uso da máscara, protocolos de higienização dos ambientes para que os clientes possam frequentar os estabelecimentos com segurança. Horário reduzido de atendimento. Diálogo com o poder público em busca de planejamento para reabertura de comércio.
Setores mais afetados: turismo, cinemas, teatros, restaurantes, comércio, construção, indústrias que necessitam muito de mão de obra, comércio de bens duráveis e de bens não duráveis menos essenciais (roupas, por exemplo). Crescimento no setor do e-commerce (compras online).
Quando voltar à normalidade, o ritmo de produção voltar ao normal, com um maior número de empresas apresentando inovações e facilidades no setor.
Mesmo com a abertura flexibilizada, a fragilidade da economia não levará a aglomerações nos empreendimentos e nem alta do consumo (população com renda reduzida e mais cautelosa com a saúde).
Estudo do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada: reabertura gradual do comércio no segundo semestre, mas só irá se normalizar no próximo ano, 2021.
Neste cenário de incertezas, as perspectivas de reabertura de comércio têm caráter volátil. A pandemia pode se estender ou até surgir uma segunda onda de casos assim que começarem a relaxar as medidas de isolamento.
Após 50 dias de quarentena, shoppings de todo o país registram R$ 27 bilhões em prejuízos.
No total, o setor de shopping center emprega cerca de 1,5 milhão de pessoas em pouco mais de 105 mil lojas.
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping apontou que 93% dos lojistas registraram queda superior à metade do faturamento.
Setenta e nove por cento afirmam ter encontrado dificuldade para obter crédito no mercado.
UGT - União Geral dos Trabalhadores