Regina Pessoti Zagretti
Secretária Nacional da Mulher da UGT e Presidente do Sincomerciários de Ribeirão Preto
08/05/2019
Dizer que é inconcebível e inadmissível a fala do presidente Bolsonaro a respeito da mulher brasileira é muito pouco diante da indignação causada por sua declaração, em que expressa abertamente que se os estrangeiros quiserem vir ao Brasil para fazer sexo com nossas mulheres, elas estão à disposição.
Uma fala machista e sem fundamento, que joga por terra o árduo trabalho de anos do movimento sindical pelo empoderamento das mulheres, contra o feminicídio, contra a violência e contra o assédio moral e sexual na sociedade e no mercado de trabalho.
Lutamos intensamente para que as mulheres, na sociedade, deixem de ocupar o papel de coadjuvantes, usadas para promover de modo sensual o País do Carnaval, com seu corpo sendo usado nas propagandas como se fosse a mercadoria que vem acoplada quando se compra uma cerveja.
Vivenciamos uma crise econômica e social, em que valores estão deturpados, populações vulneráveis têm seus direitos cada vez mais desrespeitados, nossas crianças morrem de fome e o saneamento básico é precário ou não existe; em que doenças como a dengue matam mais e mais a cada ano e antigas doenças, como o sarampo, retornam; em que a assistência à saúde está pior. Um país de desempregados e subempregados, com aproximadamente 55 milhões vivendo abaixo da linha da pobreza.
Repito: é inconcebível que nosso presidente se preste a este papel. E para quê? Para ganhar curtidas de seus asseclas nas redes sociais? Para movimentar seu Twitter e agraciar os que acreditaram que ele era a salvação da lavoura? Lamentável fazer essa constatação.
Nós, mulheres, não podemos admitir tal afronta. É nosso papel esclarecer que não somos um produto e não estamos à venda para turismo sexual ou para sermos assassinadas e descartadas, como nada. Somos a maior parte da população brasileira e seguiremos lutando por mais espaço, mais respeito e dignidade.
Chega de estereótipos, sr. presidente. Somos únicas e merecemos respeito.
UGT - União Geral dos Trabalhadores