Ricardo Patah
Presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores - UGT
08/07/2015
Os números são assustadores: 454 mil pessoas já estão desempregadas em 2015. E as previsões são ainda mais dramáticas. Só o comércio pode demitir um milhão de trabalhadores durante este ano, conforme previsão de setores do governo. No ano passado, o comércio varejista já teve o pior desempenho dos últimos dez anos. Nos últimos três meses deste ano, 129 mil pessoas já foram para o olho da rua. Somente em 2007, tivemos números piores que esses, no mesmo período de tempo.
O governo está preocupado mais com outros setores, como a indústria automobilística, que está demitindo também e dando férias. E tem de se preocupar, afinal é um setor importante da nossa economia e emprega muita mão-de-obra qualificada.
Mas o maior em número de empregos é o comércio. O Sindicato dos Comerciários de São Paulo, por exemplo, é o maior da América Latina, com mais de 500 mil empregados. E no Brasil somos 12 milhões de comerciários. De olho no que pode acontecer, o governo até se prepara para uma convulsão social. Eu não espero nada disso, mas estou preocupado.
A mistura ente inflação, desemprego e queda na renda está diminuindo muito o consumo e o bem estar das famílias. E o resultado de tudo isso é uma grande tragédia anunciada: aqueles 30 milhões de trabalhadores que conseguiram sair da pobreza, por causa da estabilidade econômica do governo Fernando Henrique Cardoso, e dos programas de inclusão social de Lula e Dilma, estão voltando de onde vieram: para a miséria de novo. Sem dúvida é um retrocesso social devastador. Temos de avançar. O ajuste fiscal do governo está despejando a conta em cima dos trabalhadores. É uma grande injustiça. Quem conseguiu uma vida digna, com esforço trabalho e dedicação, não pode ser condenado a retornar ao inferno.
Artigo do presidente Ricardo Patah, publicado no Jornal Diário de São Paulo de 08/07/2015
UGT - União Geral dos Trabalhadores