26/05/2015
NOVIDADE: no sindicalismo brasileiro, embora muitos enxerguem as entidades como envelhecidas e sem renovação, a novidade é a existência de centrais sindicais, algo que no mundo existe desde o século 19. A criação da primeira central sindical no Brasil veio no bojo da redemocratização brasileira, quando o ex-presidente Ernesto Geisel autorizou a realização do Conclat (Congresso das Classes Trabalhadoras). A ideia foi de Ruy Brito de Oliveira Pedroza, ex-presidente da Contec, então deputado federal, reagindo à realização do Congresso das Classes Produtoras. À época, Brito bradou; “Isso é uma central patronal”. Hugo Peres, importante líder da categoria dos eletricitários, levou o pleito a Geisel que teria respondido: “O problema é de vocês, façam se quiserem”. Embora existam várias versões do episódio, o certo é que o Conclat foi realizado no início dos anos 80 do século passado. A CUT, a maior e mais antiga central brasileira, começou a se articular em 1983.
ORGANIZAÇÕES NOVAS: estamos vivenciando experiências sindicais, em geral, novas. Nossa CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) tem mais de 70 anos, mas alguns de seus artigos remontam ao início do século 20. Em termos de centrais, aglutinação de entidades, busca de unidade, estamos engatinhando. Como a CUT, outras organizações surgiram nos anos 80 e 90. No início deste novo século, surgiram outras organizações, em geral fruto de divisões internas nas demais. Na verdade, foi só no governo do presidente Lula que as novas centrais foram legalizadas, através de medidas não consolidadas, algumas ainda objeto de ações no Judiciário. Enfim, o sindicalismo no mundo é velho e no Brasil, considerando a experiência das centrais, novo. As três maiores centrais brasileiras, segundo os últimos dados do Ministério do Trabalho, são: CUT (Central Única dos Trabalhadores), FS (Força Sindical) e UGT (União Geral dos Trabalhadores).
ATOMIZAÇÃO: embora organizadas, na maior parte, nas duas últimas décadas do século passado e nas duas primeiras décadas deste século, registra-se que no Brasil há um número exagerado de centrais de trabalhadores. São aproximadamente 10 organizações, conforme o balanço do Ministério do Trabalho. Algumas com pouca representatividade, muito abaixo das três maiores. Infelizmente, também existem informações não confiáveis sobre o número de filiados de cada sindicato, o que deforma a representatividade de uma ou outra central. Num país em que a confiabilidade das instituições está por baixo, não seria o sindicalismo a ser um exemplo de virtude. Seria recomendável que se fizessem fusões, mas a única fusão existente no sindicalismo brasileiro foi quando da criação da União Geral dos Trabalhadores (UGT), onde se uniram CAT, CGT e SDS, mais um grupo de sindicatos independentes. Essa unidade, que deu origem à UGT chegou a ser um exemplo para o Brasil e para o mundo.
PLURALIDADE: esse número elevado de centrais sindicais, em geral, revela a pluralidade político sindical e reflete correntes ideológicas ou partidárias. Nem todas, todavia. Há pluralismo interno na maioria delas, como é o caso da UGT, onde o pluralismo, segundo o seu presidente, Ricardo Patah “está em seu DNA”. O pluralismo é uma conquista moderna, existente desde sempre, mas houve um tempo de muita intolerância política, quando existiam patrulhamentos injustificados. Atualmente, o pluralismo é aceito e defendido pela maioria das organizações.
TRÊS CONGRESSOS: das centrais conhecidas do universo sindical brasileiro, três delas, duas nacionais e uma continental, realizam proximamente os seus congressos ordinários e eleitorais: a UGT (União Geral dos Trabalhadores) realiza o seu em junho, na cidade de São Paulo; a CUT (Central Única dos Trabalhadores) também realiza o seu na cidade de São Paulo, no mês de outubro; a CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas), realiza o seu encontro internacional no ano próximo (2016), no mês de abril, em cidade ainda a ser definida, mas com alguma chance de ser em São Paulo.
UGT - União Geral dos Trabalhadores