14/05/2018
DESORDEM: desde a Primavera Árabe, no começo desta década, há uma espécie de desordem institucional, com a subversão do tradicional e estabelecido em favor da novidade e do artificial. Seria a instabilidade ou precariedade da “vida digital”? É um outro mundo, mas a internet não pode ser a razão de tudo. Explicações que se baseiam na modernidade correm o risco de sucumbir aos fatos, alguns históricos e arraigados em povos do Oriente Médio. A Primavera Árabe, em que pese seu romantismo, produziu tragédias visíveis na Líbia e no Egito, este talvez parcialmente salvo pela dura elite militar que possui, adepta e acostumada à prática de regimes fortes.
TRAPALHADAS: a queda de Saddam Hussein no Iraque foi promovida pelas potências ocidentais, tendo à frente os Estados Unidos que acusavam o ditador de se utilizar de armas químicas em conflitos locais. Na Líbia também houve apoio aos opositores de Muammar al-Gaddafi. Enquanto no Egito a situação sempre esteve sob o controle do exército, tanto no Iraque quanto na Líbia perderam-se totalmente as rédeas da “normalidade” e instalou-se a desordem, propiciando o conflito entre grupos étnicos e religiosos armados. Na verdade, esta é uma explicação simplista. Em todo o Oriente Médio, há inegáveis ingredientes históricos, religiosos e políticos que escapam à compreensão geral. A Primavera Árabe também foi levada à Síria e, inicialmente, recebeu apoio Ocidental.
CAOS: o ponto em comum entre Iraque e Líbia foi a instalação do caos, causada especialmente pela derrocada de seus governos totalitários. Esse descontrole propiciou, entre outras coisas, o aparecimento do Estado Islâmico. Por isso, a lição serviu para uma frágil estabilidade de Bashar al-Assad na Síria. Agora, no maciço ataque às instalações militares sírias (mais uma vez a acusação recai sobre o uso de armas químicas), organizado por França, Reino Unido e Estados Unidos, essas potências se apressaram a dizer que não era objetivo derrubar o regime do atual presidente da Síria.
CONFUSÃO NAS DEMOCRACIAS: o NÃO da Colômbia, o SIM à saída do Reino Unido da União Europeia, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, acontecimentos recentes e visíveis, não guardam muita distância da vitória do “Movimento Cinco Estrelas” nas eleições italianas ou do avanço na França do “En Marche!”, que elegeu Emmanuel Macron ou, ainda, da expressiva votação obtida pelo “Podemos” na Espanha. Diante de tudo isso, sem falar na utilização espúria das redes sociais, você acha que a frágil democracia brasileira vai ficar imune nas eleições presidenciais de 2018?
BRASIL PIOR: por enquanto basta dizer que o país está afundado num mar de corrupção e que os três poderes da República não cumprem os seus deveres constitucionais. Isso talvez seja pouco para apontar o que acontece no Brasil. Mas, se olharmos à frente (faltam pouco mais de seis meses para as eleições), verificaremos a existência de uma profusão de candidatos. Enquanto o stablishment não se entende (Geraldo Alckmin sonha em ser o candidato do sistema) e Lula da Silva encontra-se temporariamente impedido, o nome de maior ressonância é (vejam só!) Jair Bolsonaro. Pedro Dória, colunista do Estadão, escreveu: “Pela ferramenta da consultoria Torabit dá para ver de longe: é o candidato [Bolsonaro] mais curtido, com mais fãs, mais compartilhado” (08/03).
UGT - União Geral dos Trabalhadores