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UGT Press 446: Migração


12/05/2015

MIGRAÇÃO: a migração é uma característica humana herdada dos seus ancestrais. Nascido na África, o homem se espalhou pelo mundo. Muitos países, como o Brasil, valeram-se das migrações interna e externa para se desenvolverem. Aqui, inicialmente, os Bandeirantes adentraram através dos rios, nos sertões, implantando cidades, cultivando o solo e explorando minerais. Foi uma saga. Todos os países das Américas foram povoados assim. Rompemos o marco das Tordesilhas e criamos um país unitário e grande, capaz de abrigar os mais diferentes povos. Ainda hoje, temos levas de imigrantes vindos do Haiti, da Nigéria, da Síria e de outras regiões do mundo. O Brasil é um exemplo para o mundo.

 

EUROPA E ESTADOS UNIDOS: embora também povoados por imigrantes, com histórias semelhantes, no caso dos Estados Unidos e de países da Europa Ocidental, ao atingirem patamares superiores de desenvolvimento, começaram a praticar uma das mais odiosas formas de segregação: a criação de barreiras, dificultando a entrada de imigrantes pobres da Ásia, África e América Latina. Em tempos diferentes, vivenciando guerras e ciclos de fome, os próprios europeus buscaram outros países, estabelecendo-se longe de seu rincão natal. Hoje, diferentemente, querem impor condições draconianas para a entrada de estrangeiros. Tendo dinheiro, a pessoa se instala em qualquer parte do mundo, mas, sendo trabalhador, é praticamente impossível emigrar.

 

CRISE NO MEDITERRÂNEO: o Mar Mediterrâneo foi importante no desenvolvimento do comércio na antiguidade e na idade média. Em suas bordas floresceram importantes cidades e civilizações. No norte da África, Cartago foi uma grande e importante cidade, hoje apenas escombros históricos perto de Túnis. Com crises pontuais, governos totalitários e sistemas econômicos fragilizados, os países da África dão origem a enormes grupos de imigrantes, especialmente através de barcos precários que singram o Mediterrâneo. Rica em petróleo, a Líbia se afunda praticamente numa guerra civil interna. Enquanto fornecia petróleo para a Europa, seu ditador era festejado. Bastou sua queda, a instalação da desordem e a Líbia foi abandonada. Não houve nenhuma preocupação do Ocidente e a Líbia foi simplesmente ignorada. Seus habitantes (e habitantes dos países vizinhos) procuram sair exatamente pelo Mediterrâneo, na maioria das vezes atingindo as ilhas e costas da Itália. Outras vezes, morrendo aos milhares, tragados pelas águas mediterrânicas. Uma tragédia assistida de maneira cínica pelo mundo.

 

MUITOS DISCURSOS E POUCA AÇÃO: as ações da União Européia são insuficientes, os recursos destinados são poucos e o problema aumenta. Milhares de imigrantes africanos estão morrendo na tentativa de alcançar a Europa. Em 19 de abril morreram centenas de imigrantes que saíram da Eritréia e da Síria em barco líbio. A questão não é mais política e nem social. É uma questão humanitária que ultrapassa as fronteiras, insere-se nos organismos internacionais e está pedindo uma resposta firme da Organização das Nações Unidas. Recentemente, esteve no Brasil o senhor Carlos Lopes, secretário da Comissão Econômica da ONU para a África que declarou: “O grupo de países que está nas bordas da Líbia fez um apelo três meses atrás, pedindo intervenção militar na Líbia, e ninguém os ouviu” (Folha de São Paulo, 1º de maio).  Esse “ninguém” são os países da União Européia, os mais interessados na solução do problema.

 

SEM SOLUÇÃO Á VISTA: o problema persiste e não há solução à vista. Enquanto isso, pobres trabalhadores, amontoados em barcos precários e sendo explorados, estão sendo jogados ao mar, na busca de um porto seguro que, a rigor, não existe.




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