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UGT Press 438: Corrupção endêmica


17/03/2015

CORRUPÇÃO ENDÊMICA: a essa altura da história brasileira, ninguém mais duvida que a corrupção no Brasil seja endêmica, difícil de extirpar. O mais surrealista dos argumentos utilizados pelos corruptos da hora, daqueles que estão de plantão roubando os brasileiros é: “isso começou em tal governo”. Pois bem, UGTpress afirma que começou quando chegou por aqui o primeiro governador-geral, Tomé de Souza. Ele, como hoje, mandava na Justiça, na Fazenda e na Milícia (polícias), podia conceder o grau de cavaleiro e instituir regalias. Estava criado o caldo necessário aos favores e outras benesses típicas da metrópole portuguesa. Então, ao invés de culpar este ou aquele, responsabilize todos os portugueses, na pessoa do primeiro governador-geral Tomé de Sousa..

 

JOÃO VI: em 1808, chegou por aqui nada menos do que o próprio rei de Portugal, a quem o país dá muita importância porque, naquele momento, modificou o status da colônia tornando-a reino unido. Consta que D. João VI notabilizou-se por vender títulos nobiliárquicos aos mais endinheirados do Brasil. Figura polêmica de nossa história, com conceitos os mais diversos, nenhum o colocando como um homem avesso à corrupção. Muito pelo contrário. Para quem não quiser culpar o senhor Tomé de Sousa e os demais governadores gerais, pode culpar o próprio rei.

 

OS PEDROS: não resta dúvida que D. Pedro I foi o maior dos vultos históricos no Brasil: proclamou a independência, deixou um filho de cinco anos para ocupar o trono, voltou para Portugal e recuperou o trono português para a sua filha. Uma saga e tanto, desconhecida da maioria dos brasileiros comuns. Era autoritário e mulherengo, pesando sobre as suas costas suspeitas de maus-tratos à rainha, Maria Leopoldina de Áustria, que pertencia à Casa de Habsburgo, uma das mais nobres e antigas famílias da Europa. Embora haja ausência de registros escandalosos, com exceção de suas aventuras extraconjugais, sua honestidade também não foi cantada em prosa e verso. D. Pedro II, embora mais lembrado, é visto como um pamonha que nada fez para impedir a República.

 

REPÚBLICA: o modo como foi proclamada a República, basicamente em função do descontentamento dos latifundiários, mostra que, na maioria, as forças militares brasileiras sempre estiveram ao lado das elites. Hoje, estão recolhidas em função das trapalhadas feitas no período em que mandaram e desmandaram no país. A República Brasileira, em termos de condução administrativa, não tem do que se orgulhar. Foi uma sucessão de períodos distintos quanto à forma, mas iguais quanto ao conteúdo. Todos os nossos governantes foram corruptos, não legaram uma legislação política e eleitoral estável e permitiram que a ignorância se alastrasse: uma sociedade deseducada é, certamente, uma sociedade que não sabe qual o seu destino.

 

SENADO E CÂMARA: o que se vê hoje é um Senado da República e uma Câmara Federal cooptados. O Procurador Geral da República e todos os secundaristas brasileiros sabem que nossa corrupção não se limita a 50 pessoas. As investigações e apurações são para acalmar a turba, não foram fundo. Se você investigar um só assessor de um dos envolvidos, ele saberá mais do que qualquer de nossas instituições investigadoras. Pressionado pelo presidente da Câmara e do Senado, o Procurador Geral da República apresentou-se trêmulo à frente das câmaras, dizendo “investigação não significa condenação”. UGTpress está de acordo Procurador: não significa mesmo!  

 

PRESIDENTE DE CÂMARA: o deputado Eduardo Cunha, novo presidente da Câmara, foi escolhido a dedo e não é à toa que derrotou o Planalto. Ele não é amador, sabe dos podres de todo mundo e acredita que, do alto de sua autoridade, vence qualquer litígio. É firme, fala grosso e disse em alto e bom som “a corrupção está no Governo, não no Parlamento”. Ele não recua, não se recusa às entrevistas, se colocou em primeiro lugar para depor. É o novo ídolo de um grupo que anda se borrando todo, porque, repetimos, num esquema como esse, 50 pessoas são capazes de não representar 10%. Renan Calheiros, politicamente, fica atrás dele na hierarquia parlamentar. O Parlamento pode encurralar a presidente porque tem em suas mãos uma moeda muito forte: a capacidade de impedir (impeachment) a presidente de continuar a governar. Só não o fazem porque o PSDB não embarcou nessa canoa: “Não é hora de afastar Dilma nem de pactuar” FHC (Estadão - 10-03).

 

IMAGINE SE FOREM VER TUDO: a corrupção é endêmica e em todos os níveis de governo, da menor prefeitura à União, passando por estatais e outros órgãos públicos.  Há informações de que uma reles casinha popular rende 5 mil reais para cada prefeito (aqueles que pegam). É o menor índice de corrupção existente em obras públicas, mas atinge cerca de 40% do valor total da obra. Começa lá em cima e acaba aqui em baixo. O senhor Pedro Barusco, um dos menores diretores da Petrobrás, de cara limpa, calmo como uma freira idosa, arriscou números, partindo de que ele, com meio por cento, acumulou quase 100 milhões, já nem sabemos se de dólar, real ou franco. O dinheiro está no banco e alguns deputados pedem provas.  Então, como acreditar nessa peça do Procurador Geral da República? Com isso soterrado, estaremos soterrando a Nação. Há muito mais gato por aí, mas ao invés de procurarem os gatos, eles estão procurando a quinta pata do gato ...    

 

ATUALIDADE: as manifestações a favor e contra (estas muito maiores) ao governo estão a exigir atitudes firmes, transparentes e definitivas, especialmente três: a) nova legislação eleitoral e política, compatível com os desafios do presente; b) legislação anticorrupção rígida e eficaz; e c) fim da impunidade. Sem essas três mudanças, nada será diferente.

 




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