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UGT Press 436: Produtividade estagnada


03/03/2015

PRODUTIVIDADE: não é de hoje que a produtividade brasileira está estagnada. Alguns economistas acham que os aumentos do Salário Mínimo e dos salários em geral deveriam estar vinculados à produtividade no trabalho. Ricardo Paes de Barros, subsecretário da SAE/PR (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República), afirmou: “Existem dois desafios para o Brasil pela frente. A desigualdade, que parou de cair, e a produtividade, que não cresce. Eu acho que a gente tinha de estar mais preocupado com a produtividade. O desafio de a desigualdade continuar caindo, talvez, não seja tão grande quanto o mistério de um país com uma produtividade estagnada há décadas. Para reduzir a pobreza, fortalecer a classe média e continuar num processo de ascensão e de melhoria das condições de vida, o mais importante não é redução da desigualdade, mas o aumento da produtividade” (Estadão, 28-12-14).

 

ROTATIVIDADE DA MÃO DE OBRA: desde a queda do instituto da estabilidade e a introdução do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), o Brasil vive intensamente a prática da rotatividade no emprego. Essa alta rotatividade dificulta o aperfeiçoamento profissional e um melhor relacionamento trabalhador/empresa: por um lado, o trabalhador não se sente parte do projeto empresarial e, de outro, a empresa não investe na formação do empregado. São situações que impedem a melhoria da produtividade e são problemas de fácil solução. O FGTS tem funcionado mais como seguro desemprego e menos como mecanismo de poupança, para o qual foi criado. Essa equação também não é difícil de ser resolvida em curto prazo. A baixa remuneração dos depósitos do FGTS  é um incentivo para a sua retirada. As centrais de trabalhadores têm criticado muito esses baixos juros e Ricardo Patah, presidente da UGT-Brasil (União Geral dos Trabalhadores do Brasil) foi o primeiro líder sindical a levantar o problema e criticar duramente o governo central pela baixa remuneração do FGTS.

 

TECNOLOGIA: também se sabe à exaustão que não há aumento de produtividade sem progresso tecnológico. O Brasil, na opinião do engenheiro Ricardo Paes de Barros, vem progredindo cientificamente sem, contudo, avançar tecnologicamente. Parece um contrassenso, mas realmente temos ilhas de excelência, por exemplo, no campo da medicina, mas não registramos patentes de inovações tecnológicas que melhorariam a produtividade. São poucas. Inovações no chão da fábrica ou no local de trabalho, através de novos arranjos ou métodos produtivos, de iniciativa dos trabalhadores, também são raras em razão da precariedade de vínculo entre patrões e empregados.

 

INFRAESTRUTURA: outra evidência que salta aos olhos é a falta de uma boa infraestrutura no Brasil. Faltam portos, aeroportos, ferrovias, boas estradas, armazéns e outras opções para o transporte/armazenamento barato de nossos produtos. Boa parte de nossa produção já chega aos locais de embarque bem mais cara do que nossos concorrentes ou competidores. Sofre com isso especialmente o agronegócio. Em época de ajuste fiscal sobra muito pouco dinheiro para investimentos em infraestrutura. Também não fomos muito eficientes nos anos anteriores, por exemplo, em dotar o país de boa produção e distribuição de energia elétrica, sendo provável a existência de problemas insuperáveis nesses dois anos (2015 e 2016).

 

CUSTOS ABSURDOS: além de todos esses problemas que atrapalham o aumento da produtividade no trabalho, há que se destacar também os custos brasileiros. Estão pela hora da morte. Sem falar em energia elétrica, telefone, transporte, estes com custos altos por ineficiência e culpa dos governos, os preços brasileiros em geral estão altos, acima da média mundial, sendo até objeto de reportagens em jornais estrangeiros. A desorganização dos preços é um problema serio, complicado, e sua reorganização em padrões aceitáveis leva tempo. Enfim, de novo, temos tudo por fazer. O discurso volta a ser o mesmo, mas agora com boa dose de desalento e desesperança, sobretudo pela necessidade de acrescentar os custos da corrupção. No Brasil, os custos com corrupção ultrapassaram todas as fronteiras do imaginável.  

 

ATUALIDADES: a revista inglesa The Economist escreveu que o Brasil está em um atoleiro. "Escapar deste lodaçal será difícil mesmo com uma liderança política forte. Dilma Rousseff, contudo, é fraca" foi a frase mais contundente do editorial que inclui o escândalo da Petrobrás e as enormes dificuldades atuais do país no campo econômico. Para a revista, o país enfrenta o seu maior desafio desde os anos 90. 




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