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UGT Press 426: Desigualdade


25/11/2014

DESIGUALDADE: o tema da desigualdade está novamente no centro das principais preocupações dos economistas. O que leva a isso são as constatações: a) nos Estados Unidos, sempre um exemplo nos padrões de desenvolvimento, houve concentração e renda e aumento da desigualdade; b) no Brasil, em função do controle da inflação e existência dos programas sociais, houve sensível redução da desigualdade, embora o país ainda esteja mal no ranking de desenvolvimento humano.

 

ÉPOCA DE TRANSIÇÃO: é consenso entre a maioria dos economistas brasileiros que o país tem mudanças a cada 10 anos, mais ou menos. Eles lembram: morte do Getúlio em 1954, golpe militar de 1964, abertura e crise do petróleo em 1974, Diretas Já em 1984, estabilização em 1994, ganhos sociais e nova classe média em 2004. Agora, dizem, pode haver nova transição entre este ano e o próximo (2014/2015). Alguns pessimistas acham que o momento que o Brasil começa a viver está mais parecido com o início dos anos 70, época da crise do petróleo, quando o país entrou na chamada "década perdida". Outros, os otimistas, informam que a desigualdade continua caindo e que o emprego, apesar do pibinho, se mantém estável. Por isso, esses otimistas acham que o Brasil de hoje tem uma economia maior, mais diversificada e com maior capacidade de reação. O Brasil tem dificuldades, mas não viverá, nem de longe, uma crise parecida com a da década de 1970. Tomara que estejam certos.

 

BOLSA FAMÍLIA VERSUS BOLSA EMPRESÁRIO: não deixam de ser interessantes essas discussões, às vezes longas e que não cabem neste pequeno espaço: o bolsa família consome muito menos recursos do que o "bolsa empresário". Entenda-se nesta expressão o amplo volume de recursos públicos destinados para financiamentos de pessoas jurídicas, via incentivos fiscais, empréstimos do BNDES e o protecionismo, que sempre aparece nos momentos de dificuldades com a balança de pagamentos. Resta saber se a transição prevista para 2015/2016 vai afetar mais o andar de cima ou o andar de baixo. Há quem enxergue muitos riscos dirigindo-se para o setor social ou, em outras palavras, para os extratos mais pobres da população. Também, ao contrário, há quem não vê grandes riscos para a mudança no novo padrão de economia implantado a partir de 1994.

 

NÓ A DESATAR: nas poucas discussões temáticas do recente embate eleitoral, esses nós todos estão para ser desatados.Os simples debates eleitorais não fazem deles problemas resolvidos. Os candidatos se esforçaram para dizer que o padrão de apoio aos extratos mais pobres, aqueles beneficiários do bolsa família e da diminuição da desigualdade ou aumento de renda, não seriam prejudicados. Se o atual sistema tem alguma chance de continuar, certamente essa chance repousa exatamente na manutenção do atual modelo de desenvolvimento, no qual se sacrificam algumas premissas do crescimento sustentável, mas permanece a filosofia de apoio aos programas sociais. Esse é o centro das discussões. Que haverá necessidade no ajuste das contas públicas, não resta a menor dúvida. Como fazer isso sem comprometer os ganhos sociais é o maior problema.

 

EM RESUMO: é preciso saber se o ajuste econômico, necessário para voltar a crescer, afetará ou não a questão social. A presidente reeleita diz que não e aí se situaram as principais razões de sua vitória. Disse também que o adversário aumentaria os juros e ela já o fez. Prestar atenção é preciso.




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