18/11/2014
INCERTEZAS: desde antes das eleições, 2015 já era considerado um ano imprevisível, repleto de incertezas, sujeito às turbulências econômicas. A grande discussão do momento situa-se no amplo espaço de divergência existente entre a ortodoxia e heterodoxia, compreendendo as diversas teses defendidas pelos estudiosos das teorias econômicas. Os ortodoxos defendem a autonomia e o vigor do Banco Central, recomendando a volta do tripé macroeconômico (metas de inflação mais baixas, superávit primário compatível com a realidade fiscal e câmbio flutuante) e absoluto controle do gasto público. Já os heterodoxos julgam-se capazes de flexibilizar as implacáveis leis econômicas e promover gradualmente os ajustes necessários à estabilidade e à retomada do crescimento.
DEBATE: a bem da verdade, olhando imparcialmente, vê-se que os ortodoxos ganham os debates. Em geral, seus defensores são economistas consagrados, muitos com passagens pelos governos anteriores (inclusive o de Lula) e, normalmente, estão ditando regras nos meios de comunicação. No entanto, o que aconteceu? Os heterodoxos ganharam as eleições. Os debates eleitorais mostraram isso: o governo conseguiu desconstruir as idéias de Armínio Fraga, colou os banqueiros na candidatura de Marina Silva e defendeu o caminho das políticas sociais predominando sobre a realidade fiscal. Houve até um debate sobre a autonomia ou privatização do Banco Central, com resultados desastrosos para a oposição.
LULA VERSUS DILMA: pelo que se extrai das páginas dos jornais (algo indistinto) e de vazamentos ocasionais de opiniões de gente próxima do governo, o ex-presidente Lula defende maior rigor na economia, especialmente com a volta de Henrique Meirelles à esfera de poder. Lula sabe que depois de eleições disputadíssimas e resultados muito estreitos, convém ao governo ter rédeas firmes para evitar qualquer deterioração do ambiente econômico, o que inviabilizaria seus sonhos de continuidade. Dilma conviveu com os sacolejos da economia nacional e internacional, se valeu de artifícios heterodoxos (caso da contabilidade criativa), manteve o seu ministro da Fazenda em meio a críticas de todos os lados e, de quebra, suportou os escândalos da Petrobrás. É uma sobrevivente e sente-se forte. Como tal, sua tendência, provavelmente, será aplicar regras que lhe permitam estar entre os dois pólos das teorias econômicas. Sua preferência poderá recair em nomes que tenham esse perfil conciliador.
DILMA TEM POUCO TEMPO: apesar de sua disposição de mudar a equipe econômica, não se sabe ainda qual o caminho que a presidente tomará. Qualquer que seja sua decisão, ela tem pouco tempo. É preciso dar um sinal ao mercado de como será o seu segundo mandato. O que se tem como certo é que ela jamais abandonará as políticas sociais, mantendo intactos os programas de ajuda. Foi essa a bandeira que a ajudou permanecer no Palácio do Planalto. Contudo, isso não impede a existência de maior rigor na condução da política econômica. Há como cortar gastos sem afetar os programas sociais.
ENQUANTO ISSO: enquanto isso, o problema da Petrobrás agudiza e corta o fluxo de oxigênio do governo. Sobra menos tempo ainda.
SEMINÁRIO INTERNACIONAL: a UGT-Brasil (União Geral dos Trabalhadores do Brasil) e a CSC-Belga (Confederação dos Sindicatos Cristãos da Bélgica), com o apoio da CSI/CSA (Confederação Sindical Internacional e Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas), promovem um grande seminário internacional com participação de lideranças da Ásia, África, Europa e Américas, destinado a debater os pormenores da economia informal. O evento acontece nesta semana, em São Paulo, nos salões do Hotel Braston. No próximo ano (2015), a OIT (Organização Internacional do Trabalho) vai tratar do assunto em sua conferência anual e os trabalhadores estão se preparando. Falando na abertura, o presidente da UGT, Ricardo Patah, destacou a parceria entre as duas organizações (UGT-CSC), considerando-a fundamental e imprescindível para o avanço das relações internacionais entre os sindicatos.
UGT - União Geral dos Trabalhadores