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UGT Press 415: Salário mínimo como tema eleitoral


23/09/2014

SALÁRIO MÍNIMO: o debate eleitoral no Brasil trouxe de volta a questão do Salário Mínimo (SM). Atribui-se a Armínio Fraga a ideia de que o salário está alto, sem correspondência com os ganhos de produtividade. Ele, em entrevista de página inteira na Folha de São Paulo (01/09/14), procurou se explicar e reclamou de "patrulhamento" no debate sobre os problemas do país. Sobre o tema, a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina), junto com a UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México) e a FES (Fundação Frederick Ebert), organizaram um fórum na Cidade do México, chegando à conclusão que, sim, as altas graduais do SM contribuem para reduzir a desigualdade. Alícia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, reconheceu: "O enorme potencial que a política de salários mínimos tem para melhorar a renda dos menos favorecidos, promover a igualdade e fortalecer a demanda interna".

 

ANÃO DIPLOMÁTICO? após  uma alta autoridade israelense ter chamado o Brasil de "anão diplomático", muitas matérias têm sido veiculadas sobre o papel do Itamaraty. O caso de Israel, em evidente exagero e desconformidade com a boa educação, felizmente já corrigido, mostra que o Itamaraty tem se alinhado aos governos de turno para impor os traços mais marcantes de sua política externa. A pergunta é exatamente essa: deve a diplomacia estar vinculada aos presidentes ou imprimir-se como órgão que tem maior visão do xadrez internacional e, por isso, determinar os rumos da política externa? Provavelmente, a resposta mais sensata é a soma das duas coisas: um presidente ungido pelos votos da maioria tem sua própria visão, mas a prudência recomenda ouvir o Itamaraty a cada vez que vai falar sobre o tema, sobretudo em organismos internacionais. Cada vez mais, as tendências de comércio, mais do que o presidente ou a instituição, têm sido as maiores fontes de orientação para a política internacional. O Brasil, parece, equilibra-se sobre esses três pontos.

 

VICTOR BÁEZ MOSQUEIRA: o paraguaio Báez Mosqueira, secretário-geral da CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas), escreveu um bom artigo sobre o destempero israelense. Ele traçou um paralelo entre FHC (autonomia pela participação) e Lula (autonomia pela diversificação). O avanço em parcerias com sócios não tradicionais (China, Ásia-Pacífico, África, Europa Oriental, Oriente Médio, mundo árabe e América Latina e Caribe) com predominância da América do Sul, segundo Báez Mosqueira: "levou a um aumento da capacidade negociadora brasileira para reduzir as assimetrias nas relações com as nações mais poderosas" (sobre "enanismo diplomático" do Brasil, Viento Fuerte, Paraguai).

 

GEOPOLÍTICA DA COMUNICAÇÃO: é consenso que na última década avançaram bem os processos de integração regional, mas que não houve correspondência no universo das comunicações. Esse desencontro foi abordado em Quito, Equador, no mês de agosto (20), através do seminário "Geopolítica da Comunicação e Integração Regional: desafios e perspectivas". Pedro Bierger, diretor do Portal de Notícias da América Latina e Caribe (Nodal), disse: "Na América Latina, muitas vezes nos inteiramos mais das notícias dos países do Norte que de nossa própria região. Quando nossos meios cobrem os países vizinhos, geralmente o fazem com fontes do Norte, como as agências internacionais ou a CNN". Ele citou como exemplo a eleição de Ernesto Samper como secretário-geral da Unasul, assunto desprezado por nossos meios.

 

ATUALIDADE – O ERRO DO IBGE: em momentos de eleição, erros de instituições públicas são tidos como propositais, frutos da ingerência política. Não foi o caso. De acordo com José Roberto de Toledo (Estadão, 20/09/2014): “Foi incompetência mesmo”. Na verdade, é pior: trata-se de uma degradação inconteste da qualidade dos serviços públicos. Nessa mesma situação já esteve o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). São duas entidades de credibilidade que não deveriam cometer erros tão grosseiros em questões estatísticas.




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