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UGT Press 398: Geopolítica energética


16/05/2014

GEOPOLÍTICA ENERGÉTICA: o professor José Goldemberg (Universidade de São Paulo), provavelmente a maior autoridade em energia do Brasil, fez uma comparação interessante: "Petróleo tem, na vida moderna, o papel que o sangue tem nos organismos humanos. Sem ele ainda estaríamos na Idade Média - nos deslocando em carroças e no lombo de cavalos, a não ser pelos trens desenvolvidos no século 19, usando carvão e lenha como combustível. A produção de automóveis e caminhões, que começou no início do século passado, mudou radicalmente essa situação" (Estadão, 17/03). 

 

PRODUÇÃO E CONSUMO: apesar disso, tanto o prof. Goldemberg, como outros especialistas, são unânimes em diminuir a importância do petróleo, aconselhando os países a investirem em formas variadas de produção de energia. O petróleo custava menos de 10 dólares por barril até 1973, quando o Oriente Médio acrescentou-lhe custos políticos. O preço chegou a ficar próximo de 150 dólares em algumas ocasiões de instabilidade política e hoje oscila em torno de 100 dólares o barril. O professor explica: "Essa é a razão porque o problema de suprimento de petróleo é um problema de geopolítica - isto é, um problema de geografia e política. De modo geral, ele não é consumido nos países que o produzem". (citado acima) 

 

FONTES NÃO CONVENCIONAIS: os preços altos do petróleo estimularam as pesquisas envolvendo as chamadas fontes alternativas, entre as quais a busca por "petróleo não convencional". O pré-sal brasileiro está no rol dessas "fontes alternativas não convencionais", um tipo de exploração de risco, cara e tecnicamente difícil. Depois, podemos considerar os progressos dos Estados Unidos na exploração de gás de xisto. O etanol, seja de cana de açúcar (Brasil) ou de milho (Estados Unidos), também está avançando e já substitui 3% do petróleo produzido nesses países. O perigo, alerta o prof. Goldemberg, é que "do ponto de vista geopolítico, a redução de importação de petróleo pelos Estados Unidos, isso é, a autossuficiência que esse país procura desde 1975, vai tornar esse combustível mais abundante para outros países e, em consequência, seu preço cairá, o que tornaria inviável a produção de "petróleo não convencional, incluído o pré-sal" (citado acima). Isso, mesmo em longo prazo, seria ruim para o Brasil. 

 

OUTROS FATORES: a indústria automobilística mundial está se esforçando para produzir carros e caminhões menos beberrões (você sabe que o Brasil, apesar de seu tamanho, não possui indústria automobilística própria?). Alguns países estão fixando metas para as suas indústrias, procurando elevar a capacidade de rodagem com menos combustível. Por exemplo, os Estados Unidos fixaram para 2025 que seus veículos não consumam mais de um litro de combustível a cada 23,1 km rodados. As pesquisas aumentam em função dessas exigências e outras fontes são exploradas, caso sem dúvida do carro elétrico. Os saltos tecnológicos em direção à eficiência e ao barateamento dos preços dos carros elétricos são impressionantes. Então, fica claro, a produção de energia elétrica é absolutamente estratégica. Neste caso, entram a energia eólica, as térmicas (que vão ser muito utilizadas nesta atual crise brasileira) e as velhas e eficientes hidrelétricas, um potencial ainda não esgotado por aqui. Temos alternativas, mas, em função de ineficiências pontuais graves, vamos amargar também crises esporádicas. 

 

AUMENTO DO CONSUMO: especificamente no caso do Brasil, há que se considerar o potencial de consumo. Com sua nova e alardeada classe média, aumentou em demasia a produção de veículos e o consumo de combustível. Os combustíveis brasileiros são caros quando comparados aos preços de outros países. Mas, também extrapolou entre nós o consumo de energia elétrica: novas casas, maior demanda por aparelhos de ar condicionado (ondas de calor intenso neste ano), aumento na venda de eletrodomésticos (este ano o Brasil vai bater o recorde na venda de televisores) e a expansão da energia no meio rural. Tudo isso, faz do Brasil um país atrativo, mas também com enormes responsabilidades na condução de sua política de energia. As más notícias sobre a nossa Petrobrás só embaralham a situação e causam dor de cabeça naqueles que se preocupam com os destinos da Nação. 

 

ATUALIDADE: parece inacreditável, mas nossas indústrias de aço, cimento e papel estão produzindo menos e vendendo a energia excedente no mercado de curto prazo. Conta simples: para produzir uma tonelada de alumínio, a empresa consome 14,9 MWh de energia, volume que vale 12 mil reais ou pouco mais de 5 mil dólares no mercado, enquanto a tonelada de alumínio vale 2,5 mil dólares, a metade. Ou seja, vendendo a energia a empresa ganha o dobro. Pode?




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