09/05/2014
INSTIGANTE: o artigo do economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, publicado na Folha de São Paulo, em fevereiro passado, é no mínimo instigante. Respondendo a uma pergunta do jornal "Valor", o economista, que foi uma espécie de "faz-tudo" no governo FHC, fez outras duas indagações: “Afinal, quem está certo no momento atual da economia brasileira? Os que preveem uma crise gravíssima nos próximos anos e estão liquidando a preço de banana os ativos brasileiros nos últimos meses ou os que olham para o futuro com otimismo como os controladores da B2W”?
ENTENDENDO O CASO: o grupo controlador da B2W, empresa de comércio eletrônico, resolveu promover a capitalização de 2,38 bilhões de reais e emitiu as ações correspondentes, fixando o valor de cada uma em 25 reais ou 61% (sessenta e um por cento mesmo!) acima do valor de mercado no dia da operação. "Valor" perguntou aos leitores: "Quem está com a razão no caso da precificação das ações da B2W: o mercado ou os controladores?" Não é fácil a equação, mas o otimismo ou o pessimismo em relação ao Brasil pode fazer toda a diferença.
OS CONTROLADORES: entendendo um pouco mais, explica-se que o grupo controlador, segundo o economista Mendonça de Barros, "é formado por três dos mais exitosos empreendedores brasileiros e que controlam empresas como Inbev, Lojas Americanas e, mais recentemente, em parceria com o mito do mercado de ações mundial Warren Buffett, a Heinz". Como surpresa, acrescenta-se à fama dos acionistas controladores, a presença no capital da B2W, do fundo de investimento Tiger Global, muito respeitado nessa área.
RESULTADO IMEDIATO: as ações que eram negociadas em bolsa por aproximadamente 15 reais, no dia 07/02 (data da publicação do artigo), já estavam aproximadamente a 23 reais. Difícil de entender a dinâmica do mercado, a rigor, neste início de ano, vivendo só de más notícias.
OTIMISTAS VERSUS PESSIMISTAS: entre os otimistas está o Banco Itaú, recordista em lucratividade. A análise e previsões do Itaú mostram um país próspero, com 75% de sua população, em poucos anos, incorporada ao mercado de consumo e na economia formal. Entre os pessimistas estão todos aqueles que "se assustam com eventos negativos (resultados fiscais e outros erros cometidos pelo governo de Dilma Rousseff) e fazem deles o principal componente de suas previsões", diz Mendonça de Barros, que fica com os primeiros, os otimistas, os que "olham para o Brasil dos próximos anos como um dos mercados mais importantes do mundo emergente".
ADVERTÊNCIA: Luiz Carlos Mendonça de Barros não deixa de fazer uma advertência no último parágrafo de seu artigo: "Mas o governo brasileiro precisa mudar e ajustar rapidamente sua política econômica e a atuação do Estado na gestão da economia para não jogar fora os ganhos dos últimos 17 anos e construir um futuro exitoso para todos nós".
UGT - União Geral dos Trabalhadores