06/05/2014
PETROBRÁS: a má gestão e as interferências políticas na administração da Petrobrás estão derrubando algumas convicções, entre elas a exigência de conteúdo nacional nos equipamentos de exploração e produção. A presidente da estatal, Graça Foster, já sinalizou que a prioridade será a produção e não o conteúdo nacional. É provável que a Petrobrás tenha que continuar alugando equipamentos estrangeiros. Para ter uma ideia desta conta, basta dizer que, em 2013, os gastos externos do Brasil com aluguel de máquinas e equipamentos foram de 19 bilhões de dólares e, para 2014, o Banco Central acredita que pode passar de 21 bilhões de dólares. Com a flexibilização das exigências de conteúdo nacional, certamente todos os itens mais sofisticados, de alto conteúdo tecnológico, virão do exterior, com inegável prejuízo para o nosso progresso industrial.
FINANCIAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO DE NOVAS TECNOLOGIAS: há linhas especiais de crédito, a juros subsidiados, para o desenvolvimento de novas tecnologias para a exploração e produção do petróleo brasileiro, principalmente na área do pré-sal. Reportagem de João Villaverde, do Estadão de Brasília, em 27 de março, diz que "o governo está com enormes dificuldades para emprestar R$ 3 bilhões, com juros subsidiados, para empresas nacionais desenvolverem máquinas, equipamentos e soluções técnicas para o setor de petróleo e gás. Não porque as empresas não tenham condições, mas porque as próprias companhias, todas fornecedoras da Petrobrás, têm engavetado projeto de inovaçâo diante do quadro de dificuldades de caixa da estatal. Desse bolo financeiro, o governo hoje vislumbra desembolsar apenas cerca de R$ 500 milhões, ou 16% do total". Certamente, pode haver dificuldades de caixa, mas entre produzir e alugar, o dispêndio vai sair da mesma fonte. Não vale como desculpa, o que está valendo é a lei do menor esforço: é mais fácil ganhar com a intermediação.
CREDIBILIDADE: apesar do reconhecível potencial de produção de energia no Brasil - hidrelétricas, etanol, eólica, solar, térmicas, xisto, petróleo e gás -, o país está perdendo credibilidade interna e externa, em função dos escândalos, dos altos custos e da incontrolável soma de dinheiro movimentada pelo setor, capaz de construir e destruir fortunas de uma hora para outra. Essa maldição já atingiu a Petrobrás, um grande empresário brasileiro e deve atingir ainda o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), cujo presidente, Luciano Coutinho, parece não ser mais uma unanimidade, afora os casos que ainda virão à tona nesse turbilhão de situações negativas. Alguns deles, como o descompasso na construção das linhas distribuidoras, já foram abordados neste mesmo espaço.
PESSIMISMO: da perda de credibilidade ao pessimismo é um passo. O professor Luiz Gonzaga Beluzzo, para citar alguém aliado ao governo, fez duras críticas à política de intervenção na Petrobrás e disse que isso ajudou a "deflagrar o pessimismo entre os investidores internacionais em relação ao país" (Estadão, 20-03). Entre as diversas críticas, distribuídas pelo economista, estão: a) limites baixos para a TIR (Taxa Interna de Retorno), utilizados nas concessões públicas; b) a continuidade da indexação da economia; e c) política de preços da Petrobras, cuja correção, para ele, é mais do que necessária. Apesar das críticas, ele diz que os ativos brasileiros estão com preços baixos e que "se tivesse dinheiro compraria ações da Vale e da Petrobrás". Elogiou o aumento da renda per capita e disse que o tripé de combate à inflação "virou um fetiche, um dogma".
GUIDO MANTEGA: nesse festival de erros, enganos, desvios e outras confusões na economia brasileira, em Brasília, já estão elegendo um culpado: Guido Mantega. O homem que, em toda história econômica da Nação, ficará mais tempo à frente do Ministério da Fazenda, pode ser o bode expiatório de toda essa balbúrdia. Pior ainda se houver dificuldades para a reeleição de Dilma Rousseff. Na visão de alguns analistas e mesmo gente do governo, Mantega só não sai agora porque este é um ano de eleição e isso seria jogar mais lenha na fogueira, dando combustível (a metáfora é risível) à oposição. Numa eventual reeleição de Dilma Rousseff, já há até disputa para ocupar o cargo de ministro da Fazenda, pois parece certo que Mantega será realmente substituído.
MORRE DOM TOMÁS BALDUÍNO: o Bispo Emérito de Goiás, Dom Tomás Balduino, faleceu no último dia 2 de maio. Estava internado já há praticamente um mês e sofreu embolia pulmonar. Dom Tomás ficou muito conhecido por sua luta em favor da reforma agrária, das causas indígenas e foi o fundador da Comissão Pastoral da Terra. Destemido, foi um duro crítico da ditadura militar. Tinha 91 anos. O catolicismo brasileiro ficou mais pobre sem Dom Balduíno.
UGT - União Geral dos Trabalhadores