14/01/2014
BALANÇO DE NATAL: começam a surgir as análises do comportamento do consumidor brasileiro nas compras de dezembro. Em geral, as opiniões antecipadas, de comerciantes e consumidores, expostas nos meios de comunicação, foram otimistas. Quem melhor revela a verdade são as pesquisas, com índices de vendas, estatísticas sobre sobra de estoques e coleta de opiniões de vendedores, normalmente comerciários calejados em anos de experiência e capazes de detectar as diferenças de um ano para outro. O primeiro grande dado foi divulgado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), mostrando que as "sobras de estoque" (os comerciantes denominam "encalhes do natal") ultrapassaram 10%, o maior índice dos últimos três anos. A leitura óbvia que se faz do número admite que as expectativas dos comerciantes não foram atingidas, forçando-os às grandes liquidações de início de ano. Os grandes magazines já anunciam essas liquidações. Essas liquidações, corroboradas por baixa generalizada de preços no mês de janeiro, podem oferecer algum alívio para o primeiro índice de inflação do ano, a ser divulgado no início de fevereiro.
ENDIVIDAMENTO: outro índice a causar preocupação é aquele que mostra o nível de endividamento das famílias brasileiras: 7,5% maior no ano passado, quando comprado com os números do ano de 2012, passando de 8,5 para 9,1 milhões. Isso corresponde a 2/3 das famílias brasileiras. Apesar desse crescimento no endividamento, os analistas da CNC são unânimes em afirmar que a inadimplência se manteve estável. Um dos motivos para o crescimento das dívidas entre as famílias brasileiras é o maior acesso aos cartões de crédito, um tipo de operação que vem aumentando muito no país, além de ser muito utilizada nas compras dos viajantes ao exterior. Isso levou o governo brasileiro a aumentar, em pleno mês de dezembro, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre retiradas e compras externas.
CESTA BÁSICA: o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) divulgou o preço dos itens que compõem a cesta básica. No mês de dezembro, a cesta básica subiu mais de 10% em nove das 18 capitais pesquisadas. Na verdade o índice de preços subiu em 15 das capitais pesquisadas. Os produtos com maiores altas foram farinha de trigo, leite, banana, batata, pão, manteiga e carne. A inflação vem sendo apontada como um dos principais problemas a ser enfrentado pela atual equipe econômica de Dilma Rousseff. Segundo o Dieese, com o atual preço da cesta básica, o salário mínimo deveria estar em R$ 2.765,44. Isso mostra a defasagem salarial do trabalhador brasileiro.
230 MILHÕES DE CRIANÇAS NÃO REGISTRADAS: o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) informou que 230 milhões de crianças com menos de cinco anos não foram registradas ao nascer. Essas crianças são majoritariamente de regiões rurais e mais remotas do planeta, de famílias mais pobres ou pertencentes a certas etnias ou grupos religiosos. A falta de registro é um sintoma da desigualdade nas sociedades, tendo um vínculo direto com a exclusão social. O Unicef ressaltou em seu relatório que "as crianças não registradas ao nascer ou sem documentos de identificação são com frequência privadas do acesso à educação, à saúde e à seguridade social".
POBREZA NA AMÉRICA LATINA: os números sobre pobreza na América Latina foram projetados pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) no seu "Panorama Social da América Latina de 2013": em 2013, em situação de pobreza, encontravam-se 164 milhões de pessoas (27,9% da população); desses, 68 milhões estão catalogados com gente em "extrema pobreza e indigência" (11,5% da população). Apesar desses números catastróficos e assustadores, houve leve declínio nas taxas (1,4%). O Brasil foi um dos países com redução do nível de pobreza (de 20,9% para 18,6%). A América Latina segue sendo uma região com extrema desigualdade na distribuição de renda, o que agrava a situação, impedindo o resgate das populações socialmente excluídas.
UGT - União Geral dos Trabalhadores