08/11/2013
15 DE SETEMBRO: no último 15 de setembro, fez exatamente cinco anos da quebra do Banco Lehman Broters. Tem se convencionado que, naquele dia, começou a crise que o mundo vive até hoje. As primeiras confusões apareceram nos Estados Unidos, atingiram em cheio a Europa e, de raspão, provocaram estragos nos países emergentes. Todas as nações estão pagando sua quota pela crise de acordo com a saúde de suas economias. Os maiores problemas, já detectados à época, foram o colapso e as dificuldades das instituições financeiras e, por via de contaminação direta, houve a imediata redução na oferta de créditos. Por outro lado, alguns países, entre os quais o Brasil, sangraram em função das remessas de divisas. O exemplo mais escandaloso no país foram as remessas do Banco Santander em socorro à matriz espanhola. Multinacionais apressaram o envio de seus lucros ou simplesmente realizaram transferências vultosas. O Brasil também entrou na roda.
VULNERABILIDADE: o ex-presidente do Banco Central do Brasil no Governo do ex-presidente Lula, Henrique Meirelles, provocado pelo jornal Estadão (15-09-13) sobre a suposta vulnerabilidade do país, respondeu: "É uma frase muito forte dizer que o Brasil está mais vulnerável. O consumo doméstico continua forte. O país tem reservas grandes e um sistema financeiro com regulação sólida. Hoje as condições são diferentes. Houve um aumento de custos de trabalho e de logística, que diminuíram a capacidade competitiva do Brasil, e a piora das condições de conta corrente (déficit nas contas externas). As incertezas e o menor crescimento econômico diminuíram o investimento estrangeiro direto (em produção) e ele não acompanhou o crescimento da conta corrente. Passamos a ter uma vulnerabilidade. A competitividade externa está sendo corrigida pela taxa de câmbio. O Brasil está em processo de ajuste". Em outras palavras, confirmou o que o Estadão sugeriu.
ERRO COMETIDO: sobre essas questões difíceis, às quais o governo brasileiro foi exposto, o professor Martin Wolf, economista do jornal Financial Times e membro honorário da Universidade de Nottingham, em entrevista ao Estadão (15-09-13), afirmou que o Brasil cometeu um erro: "O caso brasileiro é completamente distinto daqueles dos países da zona do euro e da Inglaterra. Eles tiveram uma crise financeira grave, e não deveriam reagir com aperto fiscal - embora tenha sido a saída de todos. O Brasil não teve crise financeira, ao contrário. Vocês tiveram uma importante redução de crescimento, que era previsível dados os problemas estruturais na economia brasileira, e reagiram errado. Expansão fiscal em países com problemas estruturais só gera inflação, e não crescimento". Há opiniões para todos os gostos. O economista Michael Porter, da Universidade de Harvard, falou à Folha de São Paulo (05-09-13): "A política econômica é correta, mas tropeça em estatismo e barreiras comerciais". Chegou a falar que a desaceleração brasileira é "saudável". Já Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, na mesma Folha, em 15-09-13, argumentou: "A política atual acentua a ineficiência na economia". Não é fácil pertencer à equipe econômica em tempos de crise.
MORTALIDADE INFANTIL: a taxa de mortalidade infantil, uma das grandes vergonhas nacionais do passado, , vem melhorando gradativamente. Relatório do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) mostra que a mortalidade infantil caiu expressivos 77% em 22 anos (de 1990 a 2012). Porém, o Brasil ainda ocupa o 120º lugar do mundo. Como disse o próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha: "Não temos de comemorar. É um passo dado, que serve de aprendizado sobre o que deu certo e nos mostra o que precisamos fazer para melhorar" (Estadão, 14-09-13). O Unicef atribuiu o progresso a vários fatores, entre os quais melhoria das condições sanitárias, aleitamento materno, melhoria no atendimento das mães e criação do SUS (Sistema Único de Saúde). Enfim, uma boa notícia.
AUTO-AJUDA: a coluna da jornalista Sônia Racy (Direto da Fonte, Estadão, 18-09-13), traz uma entrevista de página inteira com Roman Krznaric, filósofo australiano, autor do livro "Como encontrar o trabalho de sua vida", explicando o fracasso da felicidade baseada no individualismo: "Perseguir o interesse próprio foi a grande propaganda do último século. Entretanto, ser humano não é apenas seguir os desejos individuais. A idéia de felicidade ocidental falhou. A introspecção, o interesse próprio, perseguir valores que não envolvam o coletivo... Temos a tendência a sentir compaixão uns pelos outros. Somos criaturas empáticas. Há estudos que mostram que compaixão dá prazer. Somos também coletivos. Formamos comunidades de todos os tipos o tempo inteiro. As pessoas estão, cada vez mais, querendo fazer parte de algo maior do que elas mesmas". Algo diferente do jargão habitual sobre "competitividade".
UGT - União Geral dos Trabalhadores