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UGT Press 364: Austeridade versus gastos estatais


11/10/2013

AUSTERIDADE VERSUS GASTOS ESTATAIS: duas linhas de pensamento econômico têm sobressaído nesta crise, cujo marco de referência, é a quebra do Banco Lehman Broters. Uns, Ângela Merkel à frente, defendem o caminho da austeridade; outros, a maioria dos países em desenvolvimento, dizem que é novamente hora de intervenção do Estado, promovendo gastos que incentivem empregos. O discurso de Merkel rendeu-lhe estrepitosa vitória eleitoral. Essa questão é velha e o debate se renova de acordo com os sabores do momento. As consequências mais citadas dos benefícios da intervenção estatal remetem ao New Deal, programa anti-recessivo dos Estados Unidos, colocado em marcha depois da crise de 1929. O Japão da atualidade também pode ser outro exemplo: em meio às dificuldades terríveis, ocasionadas por acidentes naturais, começa a obter resultados dos esforços de recuperação. Como exemplo de sucesso com a austeridade e seriedade orçamentária eleva-se a própria Alemanha de Merkel, que constrói um Estado moderno e se adapta bem aos desafios da crise. 

 

PROF. LARRY RANDALL WRAY: o professor Wray, do Departamento de Economia da Universidade do Missouri, especialista no assunto, em entrevista à Folha de São Paulo (14-09-13), defendeu que somente pode haver recuperação com a intervenção do Estado na economia. Sua frase é lapidar: "Gastos do governo são o caminho seguro, pois independem das dívidas do setor privado. Criam renda, fornecem títulos públicos seguros à riqueza do setor privado. Os histéricos do déficit estão errados. Há um medo irracional dos déficits orçamentários. Os falcões do déficit atacam quem ousa usar o governo para promover o desenvolvimento econômico. A austeridade não costuma reduzir os déficits orçamentários, pois mata a economia e destrói receitas fiscais. Quando isso ocorre, os defensores da austeridade exigem mais cortes. Isso cria um círculo vicioso". 

 

PAU OU PEDRA: na verdade, pode-se considerar que essas duas vertentes têm seus matizes, não sendo totalmente irreconciliáveis. Não é pau ou pedra. As economias têm suas peculiaridades, são heterogêneas, com graus de diferente complexidade. Há exemplos de Estados que gastam muito e mal, sem obter as respostas desejáveis em termos de recuperação ou crescimento. Por outro lado, a austeridade rigorosa, sem qualquer abertura, também pode ser nociva. Lembramos que a mesma Alemanha, hoje austera, abriu os seus cofres por ocasião da reunificação e reconstrução da parte oriental. 

 

DESIGUALDADES: o maior problema do planeta é a desigualdade. Alguns países, entre os quais o Brasil, têm esta anomalia econômica bem exacerbada e, consequentemente, se tornou um país injusto. O economista Paul Krugman, articulista do New York Times, em artigo reproduzido pelo Estadão (14-09-13), disse: "Na prática, 95% dos ganhos da recuperação econômica desde 2009 beneficiaram o famoso 1% dos ricos. Na realidade, mais de 60% dos ganhos foram para o 0,1% da camada mais alta". Isso é gravíssimo, pois perpetua diferenças e, em certos casos, alarga o fosso entre os pobres e os ricos. Como sempre, a ação governamental oferece socorro aos ricos, com a vã pretensão de proteger negócios. Ledo engano. Apesar das críticas, no Brasil, o que ainda salva os pobres é o Bolsa Família. 

 

BILL DE BLASIO: o candidato a prefeito de Nova York, Bill de Blasio, anunciou o desejo de oferecer creches a todas as crianças da cidade, através de uma pequena sobretaxa a ser cobrada daqueles que auferem renda superior a 500 mil dólares. Os ricos, segundo Paul Krugman (citação acima), já começam a gritar: "como fizeram nos últimos anos, enquanto enriqueciam como gângsters. Mas com certeza é justamente isto o que deveríamos fazer: taxar os ricos cada vez mais ricos, pelo menos um mínimo, a fim de ampliar as oportunidades dos filhos dos menos afortunados".




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