UGT UGT

Filiado à:


Filiado Filiado 2

UGT Press

UGT Press 362: Continuam as trapalhadas brasileiras


24/09/2013

OBRA INCRÍVEL: durante cinco anos, três a mais do que o previsto, foi construído o linhão - linha de transmissão de energia elétrica Tucuruí/Macapá/Manaus -, com 3.351 torres e quase dois mil quilômetros de extensão. Obra de grandes dificuldades técnicas, ultrapassando florestas, rios e relevos. O objetivo foi interligar parte da região norte ao sistema elétrico nacional. Custou cerca de 3,5 bilhões de reais e, oficialmente, a conexão foi concluída em 9 de julho de 2013. Mas (sempre há um "mas" quando o assunto são obras públicas no Brasil), não resolveu: o governo continua gastando dois bilhões de reais por ano para manter em funcionamento as 27 usinas térmicas da região. Algo para lá de incompreensível, porque, além do prejuízo financeiro, os serviços prestados na região são de péssima qualidade. 

 

CULPAS DIFUSAS: segue o imbróglio do sistema energético nacional, envolvendo o Ministério de Minas e Energia, o ONS (Operador Nacional do Sistema), a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a Eletrobrás. Esse festival de siglas, envolvendo governo, empresas e órgãos públicos e privados, onde se amontoam políticos, empresários e técnicos, não foi suficiente para fazer com que a Amazonas Energia, distribuidora da Eletrobrás, cumprisse os prazos de um desafio muito menor. Ela ficou de modernizar os equipamentos, comprando novos e substituindo-os a tempo. Apesar de três anos de atraso na obra do linhão, a Amazonas não cumpriu a sua parte. Por quê? As respostas podem ser as mais variadas possíveis, mas sobra uma pergunta: a quem interessa manter em funcionamento um serviço péssimo e caro? 

 

CONSEQUÊNCIAS: além dos dois bilhões de reais por ano de prejuízos decorrentes da compra de combustíveis para o funcionamento das térmicas, o escancaramento dos problemas levou a outras constatações. Furnas e Chesf, igualmente do sistema Eletrobrás, segundo levantamento de Alexa Salomão (Estadão 11/08), têm 230 pendências que "atrasam o cronograma de obras em todo o país". Marco Aurélio Madureira da Silva, presidente da Amazonas Energia, prometeu concluir as obras restantes ainda neste ano. Se não o fez em cinco anos, como fará em seis meses? Duvidamos e vamos conferir. 

 

OS ERROS VÊM DE LONGE: o professor Ashley Brown, diretor de política energética da Universidade de Harvard, em entrevista, disse: "Privatizar, antes de regular o mercado, foi um erro fundamental nos anos 1990, e os resultados dramáticos vividos no Brasil por causa disso são exemplos. O caso brasileiro é ensinado em cursos sobre a reforma do setor de energia" (Estadão 11/08). Neste caso, o Brasil está mostrando ao mundo como não se faz. As maiores lições foram "derivadas dos graves erros que causaram o apagão em 2001" (Ashley, citado acima). 

 

ESTATIZAÇÃO OU PRIVATIZAÇÃO: esses problemas todos, de um lado e de outro, levam ao velho e interminável debate: privatização versus estatização. Se as privatizações da década de 90 causaram sérios problemas, a falta de cumprimento dos prazos da subsidiária da Eletrobrás não ficou atrás. Ambas as situações registram fatos negativos e vultosos prejuízos. Ou seja, talvez a discussão esteja fora de foco e deva ser outra. O debate deve ser em torno da busca de seriedade e eficiência. Em outras palavras, quando não há eficiência ou seriedade, não há salvação, sejam instituições públicas ou privadas. 

 

REPERCUSSÃO: foi intensa a repercussão do último UGTpress (nº 0361), que abordou o Programa Mais Médicos do governo brasileiro. Dentre as inúmeras correspondências, destaque para o recebimento do artigo de Domingo Braile, professor emérito da Unicamp e Famerp, publicado no jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto-SP, em 22/09/2013. O dr. Braile, renomado cirurgião cardiovascular, mostrou “uma versão bem otimista da medicina brasileira, se for cuidada como merece”.




logo

UGT - União Geral dos Trabalhadores


Rua Formosa, 367 - 4º andar - Centro - São Paulo/SP - 01049-911 - Tel.: (11) 2111-7300
© 2023 Todos os direitos reservados.