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UGT Press 360: Transferência de propriedades


10/09/2013

CHINESES CONTINUAM COMPRANDO: as dificuldades de caixa da Petrobrás, sabidamente uma herança maldita do governo Lula, têm novos capítulos. Foram anunciadas várias vendas de ativos da estatal brasileira, a principal delas a transferência de 35% da propriedade do bloco de petróleo C-10, Parque das Conchas, Bacia de Campos, para a empresa chinesa Sinochem, por 1,54 bilhão de dólares. Isso, aliado a outros adiantamentos chineses por conta da produção do Pré-Sal, faz da Petrobrás uma empresa brasileira com muitos sócios internacionais, principalmente chineses. Aliás, em toda a África e América Latina, quando podem, os chineses estão comprando. No futuro, se o Brasil não tomar cuidado, viverá uma sino-dependência. 

 

PRÉ-SAL VERSUS XISTO: o Pré-Sal brasileiro poderia ser (e muitos apostam nisso) a nossa redenção econômica. Não fossem as trapalhadas legais (verdadeira guerra entre os estados pelos royalties, há anos em discussão), as más gestões da gigante Petrobrás e a falta de transparência e de planejamento do setor energético nacional, certamente o país estaria em melhor situação. Enquanto isso, nos Estados Unidos, fruto de pesquisas e trabalho, já se fala em novo "limiar de avanço econômico de longo prazo, comparável ao excepcional crescimento da metade do século 20" (Folha de São Paulo, Cifras & Letras, 17-08). A causa desse entusiasmo está no livro de Charles Morris "O retorno, o novo boom econômico americano", ainda sem tradução e edição entre nós. Segundo a reportagem de Eleonora de Lucena (Folha, já citado), "Morris defende que a queda nos preços de energia, proporcionada pelo xisto, vai incentivar o retorno ao país de muitas empresas norte-americanas que nas últimas décadas se instalaram no exterior em busca de mão de obra e insumos baratos". Verdade. Leia exemplo abaixo. 

 

ALCOA REDUZIRÁ PRODUÇÃO NO BRASIL: registrando seguidos prejuízos, a Alcoa, gigante mundial na produção de alumínio, anunciou a redução de sua produção no Brasil. Segundo Franklin Feder, presidente da Alcoa, o Brasil vai voltar a ser exportador de bauxita e importador de alumínio primário. A causa, segundo ele, é o preço da energia: a Alcoa paga US$ 58 pelo megawatts/hora e, no mundo, o custo médio é de US$ 40. "Não é de hoje que a Alcoa e outras empresas reclamam do preço da energia no Brasil", disse Alexandre Montes, analista da Lopes Filho & Associados (Estadão, 18-08). Na mesma página (B-13), Franklin Feder concede uma entrevista, onde afirma: "A indústria do alumínio é a mais sensível ao preço da energia. Mas atrás dela há outros setores: a siderurgia, a química, a petroquímica, o cimento. Todos eles muito dependentes do preço da energia. O fato de anunciarmos a redução de produção deveria servir como alerta". 

 

SETOR ENERGÉTICO: no Brasil, o setor energético já foi todo estatizado. Na onda de privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso, grande parte dele passou às mãos privadas. Com a incapacidade do Estado brasileiro em fazer frente a novos investimentos e continuar com sua política de expansão na produção de energia elétrica, grande parte desses novos investimentos que estão acontecendo tem origem privada ou mista. Alguns desses investimentos, em função do local e suas interações com o meio ambiente ou povos indígenas, se tornaram muito problemáticos. O descompasso entre compra de material, instalação de equipamentos e construção de redes na área da energia eólica, constitui outra das costumeiras trapalhadas brasileiras. De nossos negócios com a Bolívia nem se fala mais. Enfim, de erro em erro, vamos comprometendo o desenvolvimento nacional em um setor que é considerado de extrema importância, vital mesmo para o nosso futuro. 

 

A CORRUPÇÃO E SUAS DEFORMAÇÕES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: o crescimento da corrupção nos governos de turno, em municípios, estados e União, traz um hábito corriqueiro: a busca pelo dinheiro fácil. Todos os envolvidos - empresas, agentes políticos e servidores diversos - só pensam naquilo (dinheiro!). Assim, descuida-se do bom planejamento, da boa compra, do bom preço, do bom material, do bom serviço e das boas práticas administrativas em geral. Receber a grana passa a ser o ofício de todos. As obras são um desastre, desde casas populares mal construídas até grandes projetos executados sem qualidade (há muitos desastres por aí a comprovar). Ninguém se volta ao essencial da administração pública e isso contamina os que estão nos escalões inferiores, incluindo aqueles que têm o dever de fiscalizar o andamento dessas obras. A produtividade do setor público baixa por inércia e desânimo. Tudo se transforma numa grande balbúrdia. Corremos riscos, muitos e grandes riscos, em função desses nossos péssimos hábitos.




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