18/12/2012
BARBÁRIE: na semana que passou, mais uma vez, os Estados Unidos foram palco de uma tragédia: um atirador matou 26 pessoas em uma escola primária, a maioria crianças indefesas. Foi um dos piores massacres daqueles que repetidamente acontecem nos Estados Unidos e, por imitação, em outros países. Até mesmo o Brasil já foi palco de um acontecimento dessa natureza no Rio de Janeiro. Os especialistas têm derramado palavras e tinta na tentativa de explicações racionais para esse fenômeno moderno, mas sobram somente o espanto e a impotência da sociedade diante do fato, impossível de ser previsto. A filmografia, o dia a dia das grandes cidades, as guerras inúteis, tudo conspira para o desajustamento de jovens sem perspectiva. O modelo de desenvolvimento, tendo o lucro como objetivo ilimitado, sem regras, certamente contribui para a frustração generalizada dos jovens. A tecnologia tem substituído as pessoas em funções simples, como cobradores, frentistas, atendentes, etc. colocando massas de trabalhadores na rua. A Espanha tem 51% de seus jovens desempregados. No Brasil também o número é alto. Alguma coisa precisa ser feita para ocupar com dignidade os nossos jovens.
IMIGRANTES: a discussão sobre a presença dos imigrantes nos Estados Unidos toma um novo impulso e apresenta vieses originais, impensáveis até bem pouco tempo atrás. Desde logo, salta à cara que, não só os Estados Unidos, mas, de resto, todos os países das três Américas foram feitos pelos imigrantes. O tema esteve presente nas eleições americanas de 2012 e foi ponto importante da campanha de Mitt Homney. Contudo, a vitória de Barack Obama e a constatação apresentada pelas pesquisas de que, entre os imigrantes e seus descendentes, o Partido Democrata levou três votos, enquanto o Partido Republicano apenas um, têm levado setores do partido derrotado a reconsiderarem suas políticas xenofóbicas e intolerantes. Há planos para uma grande reforma da legislação sobre imigração, embora seja considerável o poder dos estados confederados. Também contam os sentimentos dos próprios americanos e seus preconceitos contra os imigrantes e não foram poucas as vezes em que isso foi demonstrado de maneira violenta (contra os irlandeses e chineses no século 19, por exemplo). Ao longo do século 20, os Estados Unidos sempre tiveram mais de 10% da população nascida no exterior (14,7% em 1910 e 13% em 2010) e é consenso que o contingente renova e amplia as suas possibilidades econômicas.
ENVELHECIMENTO E IMIGRAÇÃO: o crescente envelhecimento das populações dos países desenvolvidos é um assunto que não pode dissociar-se do processo de imigração. O Japão, somente para manter o tamanho atual de sua população, teria que aceitar cerca de 350 mil imigrantes por ano até 2050. A ONU (Organização das Nações Unidas) calcula que mais de 80 países têm taxas de natalidade abaixo do índice necessário para manter a população em número constante. O Brasil estará logo fazendo parte desse contingente de nações e é previsto que até 2050 a sua população possa começar a diminuir. Voltamos a importar trabalhadores, sobretudo especializados, em função de nossas deficiências educacionais. Recentemente, foram removidas as barreiras para entrada de haitianos no país, embora haja muito preconceito contra esses pobres trabalhadores não especializados (Haiti é o país que mais fome passa nas Américas). Estranhamente, este não é o caso dos Estados Unidos, que projetam um aumento de aproximadamente 50% na sua população nos próximos 50 anos (brevemente, eles serão o terceiro país mais populoso do mundo, atrás de China e Índia). Contudo, a preocupação, no caso, é o fato de que esse aumento se dará exatamente nos chamados bolsões de imigrantes, o que levaria, em poucas décadas, a um equilíbrio entre brancos não hispânicos e os demais grupos, principalmente hispânicos e negros.
ESTATÍSTICAS AMERICANAS: apresentadas por Joseph Nye (Estadão, 14-12), registra-se: no início do século 21, engenheiros de origem chinesa e indiana administravam aproximadamente um quarto das empresas do Vale do Silício
em 2005, imigrantes haviam ajudado a começar um quarto de todas as novas empresas de tecnologia americanas fundadas na década anterior
imigrantes e filhos de imigrantes fundaram cerca de 40% das empresas integrantes da lista das 500 maiores empresas da Revista Fortune de 2010. Informa Nye: Lee Kwan Yew, ex-dirigente de Cingapura, argumenta que a China não superará os EUA como potência dominante do século 21 precisamente porque os americanos atraem os melhores e mais brilhantes cérebros do resto do mundo e os integra numa cultura de criatividade diversificada".
HUGO CHÁVEZ: a saúde do presidente venezuelano Hugo Cháves tem estimulado grandes discussões sobre o futuro da Venezuela sem o seu homem forte. O presidente Chávez passou por delicada cirurgia em Cuba e as primeiras notícias não foram tranquilizadoras. Antes de partir para Cuba, em pronunciamento pela televisão, Chávez apontou o seu possível sucessor, mas isso dependerá em grande parte dos resultados das eleições para governadores provinciais, que, segundo as primeiras notícias, foram amplamente favoráveis ao governo.
FRASE: "A oposição brasileira é a única do mundo que quer derrubar um ex-presidente". Mauro Silva, dirigente sindical gaúcho, no Facebook."
UGT - União Geral dos Trabalhadores