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UGT Press 318: Companhias Aéreas em dificuldades


22/11/2012

COMPANHIAS AÉREAS EM DIFICULDADES: por ter acumulado prejuízos em 2011, as companhias aéreas brasileiras seguem sem recuperação em 2012. A maioria de seus executivos afirma que o primeiro semestre deste ano foi insuficiente para uma reação em termos de lucratividade e que os preços das passagens devem subir agora no terceiro trimestre do ano, época de calor e feriados. Contudo, Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), adverte: Estamos num momento em que o passageiro incorporado com a última redução de preço está chegando no limite de sua capacidade. Se o preço subir, muita gente sai do avião e volta para o ônibus" (Estadão, 08-10-12). Ele se refere aos passageiros oriundos da nova classe média brasileira.

GOVERNO ATENDEU DEMANDA PARA A REDUÇÃO DOS CUSTOS: depois de pressões, o governo mostrou-se preocupado com a saúde financeira das companhias aéreas e, no pacotão de setembro, elas foram beneficiadas com a desoneração da folha de pagamentos. Calcula-se que TAM, GOL, Azul, Trip e Avianca poderão ter uma economia da ordem de 300 milhões de reais aproximadamente. Essa situação de dificuldades levou a Azul e a Trip a uma fusão, confluindo os interesses para ganhos de escala que ajudarão a transpor esse período de complicações contábeis. Juntas, as duas vão se consolidar como a terceira maior companhia aérea brasileira, responsável pela participação de 15% do mercado de passageiros.

AUMENTO DOS CUSTOS: os enormes prejuízos acumulados pelas companhias aéreas brasileiras têm várias causas: os assentos não estão totalmente ocupados nos voos (houve desaquecimento da demanda), houve alta nos preços dos combustíveis e das taxas aeroportuárias, o dólar subiu e isso pressiona os custos internos e, por fim, os bilhetes estão baratos, não acompanhando os índices inflacionários. As companhias aéreas reclamam ainda dos impostos, especialmente do ICMS. Contudo, é preciso lembrar que os empresários, de qualquer setor, sempre têm duas atitudes recorrentes em momentos de crise: a) dispensam trabalhadores
e b) vão ao governo para solucionar suas dificuldades.

INFRAERO: a estatal brasileira Infraero é um exemplo típico de ineficiência: não se modernizou, não acompanhou os avanços tecnológicos e foi incapaz de planejar e prever o crescimento do setor. Com uma história longa na administração de aeroportos, a Infraero deveria ter se destacado em termos administrativos. Ela é vítima de uma combinação nociva: além de ser uma estatal, com todos os vícios da administração pública, é ainda um enclave militar. Tudo isso dificulta a abertura do seu capital e a incorporação de sócios privados com maior experiência e capacidade tecnológica. Alguns governos já tentaram melhorar esse quadro, mas esbarraram provavelmente no corporativismo. Dilma Rousseff havia prometido abrir o capital da Infraero, mas, parece, isso ainda não foi possível.

PRIVATIZAÇÃO DOS AEROPORTOS: já se sabe que o governo errou no primeiro lote de privatizações (Congonhas, Guarulhos, Brasília, Viracopos) e agora procura alternativas melhores para o leilão de privatização de dois importantes aeroportos (Confins e Galeão). Todos esses aeroportos necessitam de investimentos pesados e, provavelmente, a Infraero, que tem 49% dos primeiros aeroportos privatizados, não possuirá recursos suficientes para bancar a modernização necessária desses velhos aeroportos, com os novos sócios privados. Certamente, o Estado terá que colocar dinheiro novo no processo e, desta forma, a privatização, que deveria aliviar o fardo financeiro do setor público, vai complicá-lo ainda mais.

ESTUDOS E PROFISSIONALIZAÇÃO: as dificuldades do setor aeroportuário são fruto da falta de planejamento e da constante improvisação, um traço da cultura nacional. O professor Elton Fernandes, especializado em transporte aéreo do Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia), em longa entrevista à Folha de São Paulo (06-10-12), afirmou: "A privatização da Infraero é impossível de ser feita, porque grande parte dos aeroportos brasileiros é deficitária. Seria necessário um choque de gestão bastante forte na Infraero para mudar essa configuração. Não melhorar a Infraero é um absurdo. Você faz a concessão quando o seu papel de governo esgotou. Acho um absurdo falar em conceder o Galeão à iniciativa privada porque não se sabe administrar"."




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