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PRÊMIO NOBEL DA PAZ: o Prêmio Nobel foi criado pelo sueco, Alfred Nobel, inventor da dinamite e desgostoso pelo uso militar de seus inventos. Em seu testamento, redigido em 1895, Nobel afirmou que o prêmio da Paz deveria ser escolhido por um comitê norueguês. Por isso, todos os anos em Oslo, capital da Noruega, um comitê escolhido pelo Parlamento Norueguês, tem a incumbência de escolher quem será o ganhador do esperado Prêmio Nobel da Paz. O brasileiro que chegou mais perto desse prêmio foi Dom Helder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife. Para ficar neste século 21, informamos os ganhadores, cuja relação, é bastante ilustrativa da politização do Nobel da Paz: 2001 - ONU/Kofi Annan
2002 - Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos, pela defesa dos direitos humanos
2003 - Shirin Ebadi, iraniana, ativista dos direitos humanos
2004 - Wangari Maathai, queniana, ativista dos direitos humanos
2005 - Agência Internacional de Energia Atômica/Morahmed El Baradei, pelos esforços em direção ao uso pacífico da energia nuclear
2006 - Grameen Bank/Mohammad Yunnus, desenvolvimento social das classes desfavorecidas
2007 - Al Gore/Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, ele ex-vice-presidente dos Estados Unidos
2008 - Martti Ahtisari, ex-presidente da Finlândia, por ajudar na solução de conflitos internacionais
2009 - Barack Obama, atual presidente dos Estados Unidos, talvez como um incentivo à busca da paz em territórios conflituosos
2010 - Lin Xiaobo, ativista chinês dos direitos humanos
2011 - Ellen Johnson Sirleaf /Leimah Gbowee/Takwakell Karman, as duas primeiras da Libéria e a terceira do Iêmen, todas em função da luta não violenta em favor da segurança e direitos da mulher
e 2012 - União Européia, em função de trabalhar pela paz, democracia e direitos humanos há seis décadas.

UNIÃO EUROPÉIA: começou com o Tratado de Roma, em 1957, inicialmente como um mercado comum. O processo de integração vem avançando, com dificuldades, e foi garantia de paz numa região devastada por duas grandes guerras mundiais, onde morreram milhões de pessoas. Foi também um importante contraponto na Guerra Fria, quando as áreas de influência se dividiam entre o Pacto de Varsóvia e a Otan. O grande salto ocorreu em 1989, com a Queda do Muro de Berlim. O maior esforço de natureza econômica foi a criação de uma moeda única - o euro -, hoje adotada por 17 nações. Curiosamente, a Noruega que concedeu o Prêmio Nobel, vem se desenvolvendo sem adotar a moeda européia.

PRÊMIO NOBEL POLÊMICO: a premiação da União Européia provocou reações controvertidas e polêmicas. Enquanto Angela Merkel e François Hollande elogiaram entusiasticamente o prêmio, outros presidentes o criticaram. Um empresário espanhol, Francisco Gonzáles, não viu lógica", enquanto um membro do Partido Trabalhista Britânico, Ed Balls, sarcasticamente, disse: "Vão comemorar em Atenas ..." O prêmio na verdade tem um valor simbólico e não terá nenhum efeito na solução da crise européia, mas marca definitivamente um processo difícil, começado há mais de 60 anos, que trouxe progresso à maior parte do tempo e, especialmente, a paz numa região que por séculos foi zona de guerra. Enfim, serviu "para elevar o moral num momento em que o bloco se empenha para resolver seus problemas econômicos".

BLOCOS ECONÔMICOS E REGIÕES AFINS: a então Comunidade Econômica Européia, hoje União Européia, foi a primeira tentativa bem sucedida de criação de blocos entre países. A partir daí surgiu a moda no mundo e vários blocos econômicos foram criados, alguns com boas perspectivas e outros ainda tentando se impor num mundo globalizado e cada vez mais complicado, como é o caso de nosso Mercosul, lutando para incorporar novos países e trabalhando para superar a nova onda de protecionismo. O último bloco cuja criação foi recentemente anunciada é o Mist, composto por México, Indonésia, Coréia do Sul e Turquia. Isso representa um caminho: blocos se formam por regiões e, depois (quem sabe?) blocos se reúnem entre si, até que a aldeia global seja uma só tendência e a paz não seja uma miragem perdida no horizonte das possibilidades.

ENTRE PRÓS E CONTRAS: entre os prós e contras sobre o Prêmio Nobel da Paz de 2012, encontramos mais prós do que contras, estes em geral marcados pela situação econômica atual da União Européia. Os países em crise são aqueles que não fizeram o dever de casa e acumularam gigantescos déficits públicos. A União Européia representou uma nova tendência, influenciou países e pessoas, contribuiu para paz, fez doações generosas às organizações sociais do mundo inteiro, em que pesem algumas fragilidades pontuais. A União Européia também representa um ponto de equilíbrio num mundo que ameaçou ser unipolar, com os Estados Unidos se postando como a polícia do mundo. Para que o mundo seja multipolar, o papel da União Européia é fundamental.

MALALA E O DIA DOS PROFESSORES: a adolescente paquistanesa de 14 anos que disse "eu quero receber educação e me tornar médica" foi baleada na 2ª feira, no Vale do Swat, por um militante do Taleban paquistanês. Sua agonia em um hospital comove o mundo. Ela saiu do anonimato através de um documentário do New York Times, que descreveu sua luta para estudar. Tornou-se um ícone para as demais adolescentes da região e ficou muito conhecida. Mantinha um blog na BBC "Diário de uma estudante paquistanesa". Na região, várias escolas foram fechadas e os professores que ensinavam meninas foram perseguidos. O drama de Malala se mistura ao esforço dos professores em áreas obscurantistas do planeta (bom lembrar-se disso no Dia dos Professores, 15/10). Escreveu William J.Dobson (Estadão 14/10/12): "Uma adolescente que fala pela educação de meninas é a coisa mais aterrorizante do mundo para o Taleban. Ela não é nenhuma ativista de ONG ocidental que caiu de paraquedas na região pashtun para entregar manuais de ensino de inglês para estrangeiros. Ela é muito mais perigosa que isso: uma defensora local, viva, de progresso, educação e esclarecimento. Se as pessoas que apreciam Malala se multiplicarem, o Taleban não terá futuro""