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UGT Press 312: Brasil acusado de protecionismo


09/10/2012

DÍVIDAS DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS: com nova metodologia na compilação de dados, o Sistema de Informações de Crédito apurou que mais de sessenta milhões de brasileiros estão endividados. É um número impressionante, muito próximo de nossa PEA (População Economicamente Ativa) e superior à população de muitos países. Os dados são reveladores: metade dos devedores tem dívidas superiores a cinco mil reais e praticamente um em cada três brasileiros tem empréstimo entre um mil e cinco mil reais. Os bancos informaram que no segundo trimestre de 2012, quase quarenta milhões de pessoas foram buscar (e conseguiram) empréstimos acima de mil reais. É algo que precisa ser mais bem estudado, pois o crescimento do emprego e, portanto, da capacidade de endividamento, leva os brasileiros a buscar mais dinheiro para atender suas necessidades. O número de empregos cresceu, mas não cresceu o salário médio da população.

INDÚSTRIAS EM PONTO MORTO: já há bom tempo que o setor industrial brasileiro vem preocupando. O governo promoveu pacotes de estímulo, mas o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) classificou-os como insuficientes". Neste ano, até junho, a indústria não cresceu e somente houve melhora em oito dos setores industriais. Vejamos: melhora depois de grandes crises: calçados e artigos de couro (3,5%), farmacêutico (8,6%), máquinas para escritório (3,3%) e material eletrônico e equipamentos de comunicação (8%). Melhora qualificada: bebidas (1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,2%), veículos automotores (3%) e outros equipamentos de transporte (12,5%). Para se ter idéia do estrago, basta anotar alguns setores em baixa: indústria extrativa, alimentos, vestuário, papel e celulose, refino de petróleo e álcool, borracha e plástico, minerais não metálicos, metalurgia, equipamentos hospitalares, etc.. A presidente Dilma Rousseff aumentou os impostos sobre produtos importados, mas o país vem sendo cobrado nos fóruns internacionais por adotar o protecionismo.

AUMENTO DE IMPOSTOS: o governo brasileiro anunciou o aumento dos impostos de importação para uma lista de cerca de 100 produtos. A lista inclui bens de capital, siderurgia, petroquímica e medicamentos. Algumas alíquotas saltaram de 12% para 25%. "Medidas de elevação de tarIfa correspondem, no comércio exterior, ao que são esses paliativos de redução do IPI internamente. Não vão ao fundo do problema. Temos visto que o socorro à indústria tem se concentrado em medidas desse tipo", criticou Rubens Ricupero, em entrevista ao Estadão (05-09-12). Já, na mesma matéria, o economista chefe da MCM Consultores Associados foi mais duro, dizendo: "a medida é casuística, protecionista e retrógrada". Enfim, a maioria dos entrevistados pela grande imprensa resumiu as medidas como "um tiro no pé".

REAÇÃO INTERNACIONAL: o aumento do imposto de importação para a lista de 100 produtos, provocou uma reação unificada dos países ricos, principalmente Estados Unidos, Japão, Austrália e União Européia. A acusação, como sempre, é a de que o Brasil está adotando medidas protecionistas, aproveitando o período de crise e dizendo que elas são episódicas e temporárias, mas que, na prática, são medidas que podem durar por aproximadamente cinco anos. O governo australiano, por exemplo, criticou as medidas como "discriminatórias". "O Brasil havia dito aos países que as medidas seriam temporárias. O acesso está condicionado a estabelecer uma fábrica no Brasil e atender às exigências de conteúdo local. Isso discrimina alguns países e favorece outros", afirmou uma autoridade australiana (Estadão, 2-10-12).

ECONOMIA EM PERIGO: a economia brasileira está em perigo, sinalizam as medidas adotadas pelo governo brasileiro. O superávit comercial caiu mais de 30% entre janeiro e setembro de 2012. O Itamaraty, órgão responsável pela política comercial do Brasil no exterior, defendeu as medidas. Márcia Donner Abreu, diplomata brasileira, discursou na OMC (Organização Mundial do Comércio) e afirmou que o Brasil procura uma "melhora qualitativa", através dos incentivos concedidos. Continuando, ela culpou o câmbio: "O câmbio também teve um impacto negativo no nosso setor automotivo, já que o real continua sobrevalorizado em relação às moedas de nossos principais parceiros comerciais, como no caso do euro e do dólar" (Estadão, 02-10-12). Dilma Rousseff, recentemente, afirmou que o "Brasil foi o último almoço grátis da economia mundial"."




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