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UGT Press 309: Redesenhando limites


20/09/2012

LIMITES: Quando a distribuição do poder muda de uma maneira tão drástica, as pessoas começam a redesenhar limites". A frase é de Narushige Michshita, especialista em assuntos de segurança no National Graduate Institute for Policy Studies, em Tóquio. É uma sentença que serve para várias latitudes e não somente para a disputa de ilhas na Ásia, entre China e Japão. Claramente, o nível de ruído está aumentando. Segundo Martin Facker, do The New York Times, diante da evidência de que "é preciso conter a China à medida que, na região [Ásia], vai se deteriorando o poder dos Estados Unidos e de um Japão que economicamente está desaparecendo". É o que está acontecendo no Mar do Sul. A China, visivelmente, tem a intenção de aumentar o som das suas reivindicações sobre dezenas de ilhas no Mar do Sul, fato comprovado pela presença cada vez mais ostensiva de seus barcos de patrulha na área.
LÁ LONGE, PERTO DAQUI: a constatação, por vezes contestada, de diminuição do poder dos Estados Unidos em algumas regiões do mundo, faz com que o gigante do norte volte-se para garantir as suas áreas de influência, especialmente procurando manter amplo domínio militar, comercial e cultural nas regiões mais próximas de seu próprio território. Daí, o governo americano ter anunciado, em abril de 2008, a volta da 4ª Frota dos Estados Unidos (Frota do Atlântico Sul). Ela recomeçou suas atividades em 1º de junho de 2009. Poderosa divisão da Marinha Americana, composta por 24 navios, centenas de caças e 15 mil homens, está ancorada na Flórida. Diante de protestos, o governo americano afirmou que ela servirá para defender a região, combater o narcotráfico e, vejam só, proteger as áreas de exploração de petróleo no pré-sal brasileiro. A 4ª Frota, por si só, tem mais poder de fogo do que vários países da América Latina. Foi criada por ocasião da Segunda Grande Guerra Mundial e começou a operar em 1943, a partir de Natal, no Rio Grande do Norte.
BASES MILITARES: além da 4ª Frota, os Estados Unidos vem pressionando alguns países da área para a ampliação de velhas ou instalação de novas bases militares. Seus últimos esforços, em que pese a escassez de notícias sobre o assunto, se dirigem ao vizinho Paraguai, com longas fronteiras com o Brasil. Suspeita-se que a nova retórica do Paraguai, francamente hostil ao Brasil, é decorrência dessa provável aproximação dos dois países e da possível futura presença de forças americanas em território paraguaio. A cooperação Estados Unidos/Paraguai é um novo capítulo na geopolítica das Américas.
ITAIPU: o Tratado de Itaipu é francamente favorável ao Paraguai, mas a propaganda política interna faz com que o povo paraguaio não tenha conhecimento correto de seus termos e faça um mau juízo das relações que o país mantém com o Brasil. E o Brasil, por seu lado, trata com desdém as recentes falas do novo presidente Frederico Franco. "Não deveria ser [assim]. O governo [brasileiro] deveria esclarecer a brasileiros e paraguaios sobre os fatos. É bravata dizer que o Acordo de Itaipu é ruim ao Paraguai. O país só ganha com ele: energia de graça e receitas milionárias, sem nenhum aporte de recurso", escreveu Cláudio Sales, em artigo assinado, em 24-08, na Folha de São Paulo. Sales é engenheiro industrial e presidente do Instituto Acende Brasil.

RADICALISMO: deve-se combater o radicalismo nessas questões e, tanto quanto possível, racionalizar a discussão e resolver as situações. Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai (enfim a América do Sul), ainda que existam desinteligentes pendências com o passado, são países cujo destino é viver juntos. O desastre maior para a região seria sua militarização e a existência de conflitos idiotas. Quanto aos Estados Unidos, manter relações soberanas em todas as áreas, sem a necessidade de demonizá-lo.
Aqueles que demonizam os Estados Unidos, normalmente, os veem roubando água dos aquíferos, invadindo a Amazônia e outras anomalias do gênero. Está na hora de crescer!
PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR: o Ministério das Relações Exteriores do Brasil - Itamaraty - praticamente foi criado antes da Nação, por ocasião da vinda de D. João VI ao Brasil. Sempre foi tido com uma ilha de excelência no interior da burocracia brasileira. Ali sempre estiveram intelectuais, a nata da inteligência brasileira. Mas, à medida que passou o tempo, passaram os governos e renovou o seu pessoal, com fortes ingredientes de influência externa, pergunta-se: Tem a mesma eficiência? Mantém-se respeitado pelos políticos de turno? Não experimentou nenhuma decadência? Estaria precisando de reformas? Nossa impressão, ao abordar um assunto dessa natureza, é que o Itamaraty continua um instituto de excelência, mas preocupar-se é preciso. No momento em que o poder dos Estados Unidos diminui no mundo, o Brasil precisa melhorar seus fundamentos de relações internacionais."




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