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UGT Press 307: Comparações indigestas


05/09/2012

DESACELERAÇÃO CHINESA: a desaceleração da economia chinesa, prevista desde que começou a crise de 2008, diminuindo o ritmo em, mais ou menos, meio por cento ao ano, vem causando um grave problema: a falta de emprego para os milhões de migrantes rurais. Para quem não sabe, a migração interna na China é rigorosamente controlada. Fazer voltar para o campo aqueles que já estão nas cidades, atraídos pelo vigor da economia chinesa nas últimas décadas, é praticamente impossível. Então, pela primeira vez neste século, a China convive com um princípio de tensão social, algo impensável num governo empenhado, até às últimas consequências, na ordem interna. A conferir!

DÚVIDAS E INCERTEZAS: enquanto o gigante asiático enfrenta problemas pontuais, mas cresce a mais de 7%, o Brasil não convive com crises no desemprego, porém amarga índices de crescimentos pífios. Neste ano, dificilmente o Brasil atingirá 2% de crescimento no PIB (Produto Interno Bruto). À sua frente, além da China, estão Índia, Indonésia, Malásia, Singapura, Coréia do Sul (na Ásia), Chile, Peru, Colômbia e México (na América Latina). A zona do euro vai mal, com poucas exceções. Provavelmente, esta foi a razão (crescimento do PIB) que fez a presidente Dilma Rousseff lançar o seu pacote. Para o professor Affonso Celso Pastore (Estadão, 19-08), se o governo tivesse recursos, optaria por aumentar o tamanho do Estado. Como não tem, não lhe resta alternativa a não ser chamar o setor privado para as obras de infraestrutura.

MÉXICO: pelas similaridades, é sempre uma tentação comparar o Brasil com o México. Estando claro que somos fregueses do México no futebol, talvez a única coisa que mexe com o orgulho nacional, parece que, nos negócios, vai acontecer a mesma coisa: há quem aposte que, em 10 anos, a economia mexicana ultrapasse a brasileira. No ano passado, o México cresceu 3,9% contra 2,7% do Brasil. Neste ano, é provável que o México atinja 4%, enquanto o Brasil não chegará à metade disso. O Brasil vem desacelerando seu ímpeto industrial, enquanto o México o expande em robustos 5%. Matéria do Estadão (20/8), traz a opinião de Jim ONeill, presidente do Goldman Sachs (aquele que criou o termo Brics). Ele aponta duas razões lógicas para este descompasso entre Brasil e México: a primeira é que a economia brasileira ficou tão na moda que qualquer notícia de desaceleração deixaria os investidores frustrados
a segunda é que a China desacelerou ao mesmo tempo". Para O'Neill, países exportadores de commodities, como o Brasil, viverão momentos de dificuldades enquanto durar a crise.

CORÉIA DO SUL: em 60 anos, a Coréia do Sul tornou-se o 9º maior exportador mundial. O PIB per capital foi de 70 dólares para US 20 mil em meio século. Conhecer este milagre e saber se ele pode ser repetido no Brasil foi tarefa de especialistas dos dois países. Eles se reuniram na FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, da USP) na segunda semana de agosto. Reportagem de Raquel Landim (Estadão, 20/08) mostra que o salto coreano foi feito em meio a adversidades: "se trata de um país praticamente sem recursos naturais (importa todo o petróleo que utiliza), com alta densidade populacional (20 vezes maior do que a brasileira), apenas um quarto das terras agricultáveis (o restante são montanhas pedregosas), que sofreu várias ocupações ao longo de sua história e foi arrasado pela Guerra da Coréia (1950/1953)". Entre as grandes empresas coreanas, estão Samsung, LG, Daewoo, Hyundai e outras. A revolução coreana envolveu vários ingredientes, mas, sobretudo, um governo centrado em planos sérios, investimentos pesados, incentivos por mérito e educação esmerada. Seung Won Jung, diretor do Banco de Desenvolvimento da Coréia, no mesmo espaço, disse: "Política industrial significa intervenção do governo e seu objetivo é corrigir falhas do mercado". No Brasil não falta intervenção e o BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social) tem sido um pai para os empresários brasileiros. Deve faltar alguma outra coisa.

ENERGIA: Sérgio Leitão, advogado do Greenpeace, defendeu, em artigo assinado (Folha de São Paulo, 19-08), uma tese interessante: a de que a eficiência da indústria no consumo de energia "está ainda muito distante do que pode ser. Segundo dados da Agência Internacional de Energia, entre os países que integram o G-20, o Brasil está na penúltima colocação do ranking da chamada intensidade energética - uma relação unidade de PIB produzida versus consumo de energia". Em outras palavras, os industriais querem do governo mais investimentos, redução de impostos e tarifas, enquanto não fazem a sua parte na racionalização do consumo de energia. Não seria o caso de reduzir impostos ou tarifas, sob compromisso de investimentos, racionalização e economia também por parte dos empresários?"




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