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UGT Press 301: O cerco contra os ricos


24/07/2012

OS MUITO RICOS: os ricos começam a ser colocados na berlinda, principalmente em artigos assinados, em manifestações de instituições públicas e privadas e em protestos sindicais. Desconfia-se que há muitas pessoas no mundo ganhando dinheiro em excesso, impunemente ou sem pagar impostos justos. O mundo inicia um processo de atenção sobre aqueles que retêm parte da riqueza mundial e não colaboram em nada para a solução dos graves problemas sociais, principalmente da enorme pobreza que ainda persiste no mundo e que atinge a maior parte da população. Mais de um bilhão de pessoas estão abaixo da linha da pobreza, passando fome ou não tendo a quantidade suficiente de proteínas. Em seu último número, UGTpress informou sobre a existência de mais de um milhar de supertrilionários, sobre os quais, se aplicando 1% (só um por cento) de impostos, o resultado renderia a bagatela de quase 50 bilhões de dólares, dinheiro suficiente para resolver a pobreza de algumas repúblicas africanas.

INSTITUTO ALEMÃO DE PESQUISAS (DIW): o Estadão de 14 de julho publicou que o importante instituto de pesquisa da Alemanha (DIW) realizou um trabalho e apresentou um estudo oferecendo uma maneira de ajudar países envolvidos na crise do euro a saldar suas dívidas soberanas". O diretor do DIW, Stefan Bach, afirmou que "em muitos países, os níveis da dívida soberana aumentaram consideravelmente, e, ao mesmo tempo, temos também quantidades muito altas de ativos privados que, tomados em conjunto, superam em muito as dívidas nacionais totais de todos os países da zona do euro". A interessante sugestão seria a obrigatoriedade desses ricos emprestarem aos governos, compulsoriamente, recebendo as contas a longo prazo e com juros menores, a partir da melhoria das condições econômicas dos países envolvidos no processo. Só na Alemanha, cerca de quase 10% (dez por cento) da população adulta seria afetada pela proposta. O Instituto acredita que esse empréstimo compulsório poderia gerar cerca de 230 bilhões de euros ou 9% do PIB (Produto Interno Bruto), com efeitos muito benéficos para a região, principalmente trazendo os países para mais próximos das metas do Tratado de Maastricht (dívida nacional não superior a 60% do PIB). Mas, a imprensa alemã já alertou: "Isso seria uma enorme intromissão nos direitos de propriedade" (Frankfurter Allgemeine Zeitung). Ora, ora, o discurso é sempre o mesmo!

MOTOR DA ECONOMIA: essa crença de que os ricos são o motor da economia é recente e começou no século passado sob a convicção da necessidade de protegê-los, favorecer as suas inversões financeiras e cobrar-lhes menos impostos. Deu no que deu: por exemplo, a economia americana reduziu gradativamente os impostos e os ricos pagam hoje muito menos do que pagavam há 80 anos, resultando num Estado cada vez mais endividado, no alargamento da pobreza e na ausência de serviços públicos adequados. Caiu a qualidade da educação americana e há no país um terço de pessoas sem serviços de saúde. Paul Krugman, economista americano, escreveu: "Quando John Kennedy foi eleito presidente, em 1960, a riqueza do 0,01% dos norte-americanos mais endinheirados era equivalente a um quarto do valor atual, na comparação com uma família média - e os muito ricos pagavam impostos muito mais elevados do que pagam hoje. Ainda assim conseguíamos ter uma economia dinâmica e inovadora que causava inveja ao mundo"(Folha de São Paulo, 14-07). As estatísticas provam que a redução de impostos diretos é um engodo, mas, evidentemente, os resultados de sua arrecadação precisam ser visíveis e solucionar de verdade os problemas, o que, por exemplo, não acontece no Brasil.

MITT ROMNEY: o candidato republicano ao governo dos Estados Unidos tem como plataforma exatamente continuar a política de redução de impostos sob a falácia de que isso ajudaria na solução dos problemas americanos. A elite endinheirada dos Estados Unidos, como diz Krugman, se acha extremamente importante e sem pecados. Fundamentalistas cristãos (estes também existem), riquíssimos, eles se acham a "locomotiva do desenvolvimento" e estão alinhados à candidatura Romney, doando-lhe fortunas e sonhando em desalojar Barack Obama da Casa Branca. Esses ricaços, certamente, acreditam que os trabalhadores não entendem que eles estão colocando todos os dias um prato de comida em suas mesas e que retirar uma pequena parte do seu dinheirinho, em forma de impostos, é perda de tempo e só atrapalha a execução de seus altos desígnios altruísticos.

PRODUTO INTERNO BRUTO: parece que todos vão errar, inclusive nós, sobre as previsões de crescimento do PIB brasileiro. O governo que começou com uma bravata em torno de 4% a 5% em 2012, já está revisando para baixo sua estimativa, colocando-a próxima de 3%, ainda muito alta segundo a maioria dos analistas. A média das previsões está por volta de 1,5%, ou seja, abaixo de 2%. Isso significa dizer que crescer acima de 2% estará prá lá de bom. O problema não está somente neste ano. Se, eventualmente, o índice de crescimento brasileiro se localizar abaixo ou próximo de 1%, o Brasil estará comprometendo também o crescimento de 2013. Claro que o panorama internacional tem movido para baixo todas as expectativas de crescimento de todos os países, inclusive da China, cujo crescimento neste último trimestre situou-se abaixo de 8%."




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