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UGT Press 289: Expropriação da YPF-Repsol - Argentina


30/04/2012

EXPROPRIAÇÃO DA REPSOL NA ARGENTINA: fora de moda e longe dos atuais manuais de investimentos e negócios, a expropriação da companhia petrolífera YPF, subsidiária da empresa espanhola Repsol, realizada pelo governo argentino de Cristina Kirchner em 16 de abril, pegou o mundo de surpresa, já desacostumado dessas providências que foram prática comum em determinada época do século passado. A medida tem muito de nacionalismo econômico e bastante viés ideológico, remetendo à estatização da economia, hoje na contramão da recente onda neoliberal, consubstanciada na desregulação, na privatização e na diminuição do tamanho do Estado, iniciada com ênfase na era Reagan/Thatcher. No Brasil, iniciou-se com Collor, aprofundou-se com FHC e seguiu moderadamente com Lula e Dilma. Tem a ver também com o cumprimento de contratos por parte do Estado, ingrediente essencial para a estabilidade dos negócios. A medida argentina foi muito criticada pelos meios de comunicação, mas saudada à esquerda do espectro político.

YPF NO BANCO DOS RÉUS: logo após o processo de estatização, a presidente Cristina Kirchner determinou aos interventores da expropriada YPF, Julio De Vido (este também ministro do Planejamento) e Axel Kicillof, o imediato aumento da produção de petróleo e gás. A crítica que pesava sobre a subsidiária da Repsol é que ela vinha negligenciando suas atividades, desacelerando a produção, não investindo em novos poços de petróleo e descuidando da modernização da Refinaria de La Plata. Entre as ordens da presidente Cristina, está abrir negociações com a empresa francesa Total e a empresa brasileira Petrobrás. Aliás, a existência da Petrobrás no Brasil serviu de inspiração e modelo para que o governo argentino expropriasse a YPF. Cristina mandou Julio De Vido ao Brasil para garantir que os negócios da empresa brasileira no país não sejam afetados e que gostaria de ter os brasileiros como parceiros no novo modelo de empreendimento argentino.

VALE ESTUDAR INVESTIMENTOS NA ARGENTINA: nos planos da Companhia Vale do Rio Doce está aplicar em torno de 6 bilhões de dólares, na Argentina, em projeto de mineração de potássio - Projeto Rio Colorado. O projeto é ambicioso: além da exploração de potássio, inclui a construção de um ramal ferroviário e um terminal marítimo em Bahia Blanca. Contudo, segundo Murilo Ferreira, presidente da Vale, em função da expropriação da YPF, o negócio precisará ser mais bem avaliado. Ele disse que existe um elevado número de incertezas que nos fazem levar esse caso para o Conselho de Administração". Esse é o perigo que a Argentina corre em relação aos futuros investimentos estrangeiros no país, pois rasgar contratos, mesmo por motivos justos, que parece ser o caso, causa apreensão junto aos potenciais investidores.

APROVAÇÃO POPULAR: apesar das desconfianças suscitadas no plano internacional, a expropriação da YPF teve aprovação popular e apoio sindical. Pesquisa elaborada pelo Instituto Poliarquia revela que metade dos argentinos acha que a atitude de Cristina Kirchner será benéfica para a economia, enquanto 62% apoiam a estatização. Boa parte dos argentinos (22%) acha que a imagem do país pode melhorar, enquanto 47%, quase metade, admitem que a expropriação "à revelia da Repsol" ocasiona uma imagem negativa para o país.

INTERNACIONALIZAÇÃO TRAZ PROBLEMAS: a internacionalização da economia pode trazer problemas, especialmente em países que não contam com boas leis ou onde a corrupção é muito alta. Uma boa lei de remessa de lucros é essencial. No Brasil, a remessa de lucro é um dos itens que comprometem a balança de pagamentos. Por exemplo, os bancos mandaram para as suas matrizes mais de 50 bilhões de dólares, conquanto aqui no Brasil são incapazes de reduzir o spread bancário. Entre eles, está o Santander da Espanha, país que humilha os brasileiros em seus aeroportos. Está mais do que na hora das centrais sindicais começarem uma campanha contra esses bancos, especialmente para que os brasileiros transfiram as suas para os bancos nacionais."




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