10/04/2012
GRITOS E MOVIMENTOS: começam a pipocar Brasil afora os gritos e movimentos", envolvendo empresários, trabalhadores e diversas instituições privadas, todos buscando sensibilizar o governo para uma política de defesa da economia brasileira. Basicamente, os pontos focalizados estão resumidos em blocos, a saber: medidas macroeconômicas, investimento produtivo como promotor do crescimento econômico, defesa comercial (inversão do atual quadro de invasão das importações no mercado brasileiro), fim dos incentivos fiscais às importações, crescimento industrial como prioridade da política econômica (metas e contrapartidas). Todos comportam subpontos, em geral sinalizando caminhos e não comportando explicações técnicas mais profundas. Como a situação realmente está difícil, há uma crise internacional afetando o Brasil, o crescimento do produto interno bruto (PIB) caiu em relação a 2010 e, apesar da exuberância de alguns setores, o Brasil convive com um brutal déficit na balança comercial e de serviços, todos concordam que é preciso "fazer alguma coisa".
OPORTUNISTAS: em meio a esses movimentos, aos quais os trabalhadores, temerosos de perder seus empregos acabam por se aliar, há também oportunistas, pessoas que conviveram décadas com situações de câmbio favorável, pagaram mal os empregados, sonegaram impostos, cresceram sob uma economia protecionista e formaram fortunas. A rigor, não há como separar o joio do trigo. Movimentos são movimentos e a eles se juntam todos, oportunistas e necessitados.
IMPOSTOS: na verdade, muitos setores entram na onda com o objetivo de diminuírem os impostos. O discurso neste sentido é forte e nossa carga tributária, além de alta, é injusta. Os trabalhadores são aqueles que pagam mais impostos, uma vez que o sistema brasileiro comporta enormes distorções. Quando se diminuiu a inflação, a adesão dos trabalhadores à moeda estável foi impressionante. A inflação é um imposto maior do que todos os outros. Menos mal que a política governamental - de todos os governos - tem sido de controlar a inflação e preservar a moeda. Moeda forte trouxe aos brasileiros coisas às quais eles não estavam acostumados: viagens internacionais, produtos importados de maior qualidade, financiamentos mais longos e alto nível de consumo. Contudo, a conta da farra está aparecendo. Só a nossa conta de turismo, neste ano, vai apresentar um déficit de aproximadamente 30 bilhões de dólares.
TODOS GRITAM E TODOS TÊM RAZÃO: como há situações pontuais extremamente delicadas: altos impostos, corrupção endêmica, sistema tributário distorcido, sistema político que favorece eleições ilegítimas financiadas pelo poder econômico, administração pública de má qualidade, desperdício, privilegiados nos três poderes, previdência social deficitária, contrabando e pirataria, narcotráfico, violência e marginalidade, todos gritam e todos têm razão. Aqui, neste espaço, UGTpress já disse que essa situação favorece o aparecimento de líderes de ocasião, com a possibilidade de se mostrarem como "salvadores da pátria". O sinal amarelo surge quando o governo dá sinais de fraqueza, o poder econômico dentro do Congresso Nacional elege prioridades duvidosas e as bancadas religiosas se aproveitam para impor suas agendas retrógradas. Todo mundo fala, grupos minoritários são isolados e a pauta é determinada segundo o sabor da conveniência dos mais fortes.
GOVERNO 1: a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, pela primeira vez, deu longa entrevista à Revista Veja. A impressão que ela deu, diante das reações inusitadas de sua bancada no Senado e na Câmara Federal, é que tais fatos são debitados ao exercício da democracia. Ou seja, fatos como os acontecidos no mês de março são comuns em sociedades democráticas. Essa é uma questão política, colocada por uma classe política ávida de benesses e sinecuras. Normalmente, se atendida, a classe política continuará oferecendo o seu aval, caro aval, ao governo.
GOVERNO 2: no início de abril, o governo anunciou um pacote de medidas como incentivo à indústria brasileira. O pacote foi recebido em meio a reações diversas e desencontradas. A maioria julgou que as medidas são insuficientes. O país não resolverá os seus problemas sem reformas profundas, sem parlamento sério e sem administração eficiente. Leis novas e modernas, que possam colocar o país como nação minimamente desenvolvida, são necessárias. Contudo, o fisiologismo e a corrupção impedem qualquer tentativa de modernização. Por exemplo, a reforma tributária, durante anos estudada por técnicos e políticos, esteve perto de ser aprovada no governo Lula, mas caiu diante das reações dos governadores, os quais, na maior parte dos casos, não têm patriotismo e agem ao sabor das conveniências imediatas.
MOVIMENTO BRASIL EFICIENTE: esse é o mais recente e o mais organizado dos movimentos, com clara bandeira de redução dos impostos e discurso bem afinado com os ideais republicanos: reformulação fiscal e tributária, diminuição da carga tributária sobre o setor produtivo e simplificação da estrutura tributária para melhorar a gestão dos gastos públicos. Entre os objetivos que quer alcançar estão: reduzir a carga tributária para 30%, crescer à base de 6% ao ano e, como música aos ouvidos dos trabalhadores, dobrar a renda per capita até 2020. No primeiro parágrafo de sua página na internet - www.movimentobrasileficiente.com.br - está escrito que "reúne o setor produtivo nacional, federações empresariais, empresas de setores variados, trabalhadores, profissionais liberais e a sociedade civil em torno de uma proposta de reformulação fiscal e tributária que garanta ao país um crescimento econômico sustentável, consistente, constante e acelerado".
GRITO DE ALERTA: na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, dia 4 de abril, reuniram-se as centrais sindicais e os industriais - UGT, CUT, CGTB, CTB, NCST, FS e FIESP, esta representada por Paulo Skaf. Apresentaram ao governo um elenco de reivindicações e mostraram os perigos da desindustrialização no país. Na mesma semana, em dia anterior, Paulo Skaf foi à sede da UGT (União Geral dos Trabalhadores) e fez uma palestra baseada em dados estatísticos sérios, onde, ao lado de Ricardo Patah (presidente da UGT), mostrou a fragilidade do caminho que está sendo trilhado pelo desenvolvimento brasileiro. Esta aliança entre empresários e trabalhadores, a depender de Skaf e Patah, vai continuar. Se no Congresso Nacional perdurarem as resistências, a presidente Dilma Rousseff, em que pesem seus altos índices de popularidade e aprovação e a docilidade como é tratada pelos meios de comunicação, precisará reagir com medidas mais firmes e mais eficientes."
UGT - União Geral dos Trabalhadores