13/03/2012
PROTESTOS NOS ESTADOS UNIDOS: os jornais estão mostrando que as manifestações de protestos que começaram nos Estados Unidos, nas ruas próximas de Wall Street, em Nova Iorque, já se espalham por outras cidades americanas. O movimento inicialmente denominado Occupy Wall Strett" começou com a adesão de estudantes, desempregados, migrantes e outras minorias, mas já tem alguns importantes apoios no meio artístico americano: por exemplo, dos atores Tim Robbins, Penn Badgley e Alec Baldwin. A atriz Susan Sarandon foi a primeira a se engajar, logo de cara. Apesar da reação das autoridades e de manifestantes presos, o movimento tende a crescer internamente e, diferente de todos os outros anteriores, não mira acontecimentos fora das fronteiras americanas, como as guerras ou as intervenções militares. Em geral, o ponto central das manifestações se volta para a economia e a representatividade parlamentar. Difere e apõe-se ao Tea Party, critica a democracia e falam: "Nós somos os 99% que não vamos mais tolerar a ganância e a corrupção de 1%".
DEMOCRACIA EM CRISE: desde a primeira eleição contestada de George Bush, com uma contagem de votos mais do que suspeita na Califórnia, a democracia americana vem sendo criticada em seus principais alicerces. Os manifestantes defendem uma "rede de democracia direta e participativa". Ou seja, para a crise da democracia "mais e melhor democracia". A situação de baixa credibilidade nas instituições democráticas, um fenômeno mundial, nos Estados Unidos atingem algumas de suas caras instituições, como as eleições diretas para membros das cortes de Justiça nos Estados, com prevalência dos recursos econômicos, aplicados prodigamente em propaganda nos meios de comunicação. Em que pesem movimentos existentes em países autoritários para a implantação da democracia, como é o caso da "Primavera Árabe", no mundo ocidental a democracia está realmente em crise, sofrendo os efeitos da degeneração dos costumes políticos, aumento incontrolável da corrupção e crescimento das influências de novos núcleos de poder, como do sistema financeiro mundial e das multinacionais, instituições com ampla liberdade de ação, muitas vezes acima da capacidade reguladora das nações.
ASSUNTO PERMANENTE: a União Geral dos Trabalhadores do Brasil (UGT) aponta no sentido de se estudar o fenômeno que afeta as democracias ocidentais e, no caso do Brasil, especialmente com seu sistema novo, frágil e inacabado, propositadamente tardio e desorganizado, não só estudar, como de resto, buscar soluções urgentes para modernizar sua democracia. Desde a nova Constituição de 1988, o Brasil ainda não teve uma legislação política estável e duradoura. Há uma profusão de partidos políticos, alguns claramente de aluguel, com o escandaloso predomínio do poder econômico nos processos eleitorais. A corrupção brasileira, de tão acentuada, mina o projeto político da Nação.
INFLAÇÃO: começou a discussão sobre o aumento da inflação brasileira. Os banqueiros e seus asseclas (em geral, pessoas que perdem com os juros mais baixos) estão alardeando que o Banco Central do Brasil está equivocado. Alguns décimos de elevação nos percentuais de inflação são suficientes para se fabricar uma crise e permitir especulações que contestam instituições. Em geral, são pessoas e empresas acostumadas a ganhar dinheiro fácil: basta deixar o dinheiro no Banco para ganhar mais do que quem produz. Alexandre Tombini está dando muitas entrevistas, tentando baixar a bola desse pessoal. Ano passado, ele já errou ao dizer que a inflação atingiria o seu ponto mais alto em agosto, mas provavelmente ele sabe que a economia brasileira está mortalmente vinculada à economia internacional e tudo o que acontece por aí reflete por aqui. Sabe também que as multinacionais que atuam no Brasil estão remetendo sem parar os seus lucros para as suas matrizes. Sabe ainda que o Banco Central do Brasil não tem mecanismos para barrar aumentos de preços, especulativos e por conta de inflações futuras, numa indexação que nunca deixou de existir. Em outras palavras, o mercado aposta contra o Brasil assim como aposta contra outras economias, em nome do lucro fácil e rápido.
DILEMA FALSO: entre as coisas importantes que Tombini disse em sua última entrevista do ano passado (Folha de São Paulo, 09-10), está: "O BC nunca falou que a inflação maior no curto prazo seria necessária para evitar que a economia deixasse de crescer. O BC tem por princípio que o dilema inflação versus crescimento é um dilema falso. Você não cresce mais porque tem mais inflação. O que ocorreu no mundo é que a inflação subiu em todos os países. O que dissemos em março deste ano foi que prevíamos inflação no centro da meta em dezembro de 2012". Duas coisas: a) a inflação até dezembro de 2012 pode oscilar
e b) a economia brasileira vai reduzir o seu crescimento. Podemos acrescentar, sem medo de errar, que o cenário externo será vital para nortear esse comportamento da economia brasileira.
NOTÍCIAS VELHAS: se você leu até aqui, a impressão que pode ter é que as notas acima estão velhas. Não. As falas estão fora de contexto, mas, infelizmente, possuindo dura atualidade: a cada reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o dilema volta num jogo de braço interminável. O Brasil continua perdendo bilhões de dólares."
UGT - União Geral dos Trabalhadores