22/02/2012
SURREALISMO: normalmente, você pensa que um candidato a emprego quer maximizar suas qualidades, apresentar um curriculum vitae completo, exibindo suas experiências anteriores e sua formação escolar. Pois, por incrível que pareça, pesquisas originárias da Espanha estão mostrando que, atualmente, não é bem assim. Enquanto as pesquisas do passado indicavam que pelo menos 10% dos espanhóis inflavam seus currículos, as pesquisas atuais dão conta que está acontecendo o contrário. Em decorrência da grave crise européia, com altas taxas de desemprego, sobretudo na Espanha, os candidatos aos postos de trabalho estão piorando os seus currículos" e omitindo qualificações importantes.
EXEMPLOS DRAMÁTICOS: o economista José Angel Silvano, depois de fechar sua empresa de logística para procurar trabalho, informou em seu currículo, somente "responsável, com iniciativa e experiência". Ele explicou: "Tirei os cargos de direção, a graduação universitária e deixei só os idiomas e conhecimentos variados para ver se assim encaixo em outros perfis. Para mim não é mentir, mas ocultar informação que possa dar imagens prejudiciais: que sou qualificado demais ou incapaz de cumprir postos considerados menores". Já Martín Sanchez, estudante de filosofia, disse: "Você se surpreenderia com a quantidade de universitários que estão procurando trabalhos em supermercados. Uma degradação absoluta." Sindicatos, consultorias e centrais de trabalhadores estão confirmando essa tendência.
REPERCUSSÃO: aqui no Brasil, a notícia foi distribuída pela BBC Brasil e nada menos do que nove meios de comunicação publicaram na íntegra as informações. O CSG (Sino Gerenciamento de Clippings) distribuiu para todo o seu sistema de assinantes, incluindo a União Geral dos Trabalhadores (UGT). Há também repercussões psicológicas: "O perigo de que estes jovens tão qualificados permaneçam em empregos abaixo de seus padrões é que acabem aceitando isso como realidade. Psicologicamente se verão afetados, deixando de desenvolver estímulos e metas", declarou o professor José Montalvo, da Universidade Pompeu Fabra. Há concordância entre os pesquisadores, pois desvalorizar os currículos "gera frustração em longo prazo".
SINAL VERMELHO: as contas externas brasileiras estão preocupando: no ano passado o déficit foi de mais de 50 bilhões de dólares. Neste ano, a balança comercial em janeiro apresentou déficit de quase 2 bilhões de dólares. Os gastos brasileiros com viagens ao exterior, essa farra ilimitada possibilitada pelo dólar barato, custou no ano passado quase 30 bilhões de dólares. Ninguém faz nada. O que tem fechado as contas brasileiras são os investimentos vindos do exterior. Mas, investimentos de hoje, em geral, são remessas de lucros amanhã. As remessas de lucros são um dos itens que estão pesando nas contas externas e está mais do que na hora de o Brasil ter uma legislação soberana sobre o assunto. O país é atraente e não precisa ficar facilitando em termos legislativos. É somente fazer a coisa certa, ter legislação em conformidade com as nações desenvolvidas e impedir a sonegação via entradas supervalorizadas e saídas desvalorizadas de componentes industriais. Com a palavra o governo de turno.
ARGENTINA: em seu segundo mandato, Cristina Kirchner vem imprimindo uma política totalmente xenofóbica, demonizando inclusive países vizinhos como Brasil e Chile. Medidas protecionistas tomadas recentemente devem afetar as relações bilaterais com o Brasil de maneira profunda, negócios que, depois do Mercosul, assumiram posição de singular potencialidade comercial. Paulo Skaf, o poderoso chefão da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) fez ar de muito preocupado nos noticiários televisivos e avisou que iria ao país vizinho para se inteirar melhor da situação. O Itamaraty tem amplo conhecimento (talvez prévio) dessas medidas e há certa tolerância brasileira, inaugurada por Fernando Henrique Cardoso, em relação à Argentina. Somos sempre compreensivos em relação "a los hermanos".
PREOCUPAÇÃO: os inúmeros vazamentos de petróleo em alto mar, agora na área do pré-sal, veem preocupando os ambientalistas e colocam nossa maior estatal (Petrobrás) sob suspeita. As suspeitas são de incompetência, compras mal feitas, uso de materiais de baixa qualidade e de descuido com as medidas de prevenção. A CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) anunciou recentemente que, desde agosto de 2011, havia feito alertas e apontado mais de 10 deficiências no plano de contenção de acidentes da Petrobrás na Bacia de Santos. Se for isso - desleixo ou incompetência -, o caso é mais grave do que parece.
CENTRAL EXEMPLAR: a CGT (Central Geral de Trabalhadores) da Colômbia foi a primeira central do continente a fazer uma fusão com outra organização nacional. Adquiriu uma propriedade, onde instalou o seu instituto de formação. Por circunstâncias próprias da cidade de Bogotá, depois de duas décadas, o imóvel se valorizou muito e foi vendido. Com os recursos, a CGT adquiriu propriedades para a instalação de suas unidades departamentais (estados) e comprou um prédio na Capital, que transformou em hotel. É a central que mais cresce na Colômbia e seu presidente, Julio Roberto Gomez, é membro do Conselho de Administração da OIT e vice-presidente da CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas). Se você for à Bogotá, hospede-se no Plaza 36 Hotel e estará ajudando a luta dos trabalhadores."
UGT - União Geral dos Trabalhadores