28/12/2011
O QUE SE ESPERA PARA 2012: hoje, o exercício de futurologia, mesmo a curtíssimo prazo, é uma tarefa inglória. Os riscos de desandar em torno de previsões escapistas ou a quase certeza de que índices, parâmetros e análises dizem muito pouco ou são insuficientes, levam esses aprendizes de feiticeiros a jogarem na retranca. Todos têm medo de predizer o futuro, sobretudo em função do passado recente. Falamos de economia e, desde 2007, o mundo mudou muito. Mas, tentemos desenhar alguns cenários para 2012.
CRISE EUROPÉIA: a crise européia tem um fiscal rigoroso e implacável, a Alemanha. Como maior e melhor economia do bloco, a Alemanha, exatamente há 67 anos do fim da segunda guerra mundial, volta a impor sua vontade a uma Europa de cócoras. Não foi preciso nenhuma nova guerra, apenas seguir sua vocação e obedecer aos fundamentos ortodoxos da economia. A receita teutônica de austeridade absoluta pode levar a velha Europa a uma das mais agudas recessões. O ano de 2012 não promete muito a partir de uma Europa combalida.
RECESSÃO: no bonde da crise européia, com países endividados, todos necessitando fazer a lição imposta pela Alemanha e aceita pela França, buscando equilibrar orçamentos e resolver crises fiscais, haverá evidente redução de salários e de gastos governamentais, com menor consumo e menos obras. A Europa reduzirá sua capacidade de compras externas e provocará, em todas as latitudes, uma sensível diminuição de demandas. É, em termo correto, a recessão.
ESTADOS UNIDOS: desde a crise de 2008, os Estados Unidos não se colocaram mais de pé e amargam dificuldades monetárias e políticas. O dólar não tem o mesmo vigor nem a mesma confiabilidade. Internamente, o país está dividido, sem saber que caminho tomar. Não há por lá um estadista e nenhum à vista em futuro discernível. Meteram-se em guerras periféricas, estão preocupados com o terrorismo e têm gastos militares astronômicos. Vão ter que reduzir seus gastos ou aumentar os impostos, equação difícil diante do panorama político. Os gastos sociais serão os primeiros de uma longa lista de cortes e, com isso, existirá o alargamento da pobreza americana, que já atinge aproximadamente 50 milhões de pessoas. Sua chino-dependência se agravará.
CHINA: a atual locomotiva do mundo precisará se adaptar às crises européia e americana, voltando-se para o sul, em busca da ampliação de mercados. Está aliada aos emergentes, mas, entre estes, surgem fagulhas capazes de provocar os primeiros incêndios. Certamente, vai ter que reduzir o seu espantoso crescimento, inicialmente de 10% para 9% e, depois, para 8% e assim sucessivamente até nova estabilidade mundial. Mais lenha no processo recessivo.
BRASIL: o Brasil, em meio a esse caos econômico, deverá também refrear seus gastos e procurar abrandar sua dívida interna. Poderá fazer o contrário, mas não é recomendável nesse quadro econômico internacional. A recessão baterá às nossas portas. Com isso, a inflação e os juros baixarão, os salários podem recuar para patamares inflacionários e os índices de desemprego podem crescer ligeiramente, ocasião em que o novo governo de Dilma Rousseff sentirá os primeiros sinais de impopularidade. Um cenário nada confortável.
EM RESUMO: primeiro a crise americana, depois a crise européia, os sinais de desaceleração na China e nos países emergentes, incluindo o Brasil, o avanço do protecionismo (em épocas de crise, ele sempre volta forte) e a diminuição da demanda global por produtos e serviços. No meio, crise bancária e queda nos negócios do mercado de capitais. Enfim, os cenários para 2012 não são nada favoráveis.
UGT - União Geral dos Trabalhadores