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UGT Press 257: Os tormentos do Euro


15/09/2011

CRISE DO EURO: segundo especialistas, a crise do euro só poderá ser neutralizada com a sintonia entre os dois maiores países da Europa: Alemanha e França. Ângela Merkel e Nicolas Sarkozy já se reuniram várias vezes, a última delas em agosto, na capital francesa. Os dois líderes querem a criação de um governo econômico comum na zona do euro, mas isso precisa ser aprovado pelos 17 países que adotam a moeda. Como regra maior, imitariam Fernando Henrique Cardoso e imporiam uma lei de responsabilidade fiscal" ou algo parecido, acrescentando-se a exigência do "déficit zero". Também criariam o "euro-bonds", títulos de dívida pública emitidos pelo conjunto de países da zona. Por enquanto, embora interessantes, são apenas planos, cuja maturação, em termos de governos, vai longe, muito longe.

GEORGE SOROS: a posição do megainvestidor George Soros, falando sobre a zona do euro, é, no mínimo, polêmica. Em entrevista ao Der Spiegel, ele afirmou: "Acho que o problema grego foi tratado de maneira equivocada pelas autoridades da União Européia, que essa [Grécia e Portugal fora da zona do euro] poderia perfeitamente ser a solução. A Europa, o euro e o sistema financeiro poderiam sobreviver à saída da Grécia e Portugal. E o restante ficaria mais sólido e mais administrável". Ocorre que o projeto da União Européia, inspirado depois de duas grandes guerras, busca a estabilidade permanente da região e não se predispõe, a cada crise, à entrada ou exclusão de países. A paz, a organização interna e a responsabilidade fiscal de seus membros são um objetivo estratégico da região.
AINDA SOROS: na mesma entrevista, reproduzida no Brasil pelo Estadão (18-08-11), George Soros anotou uma diferença fundamental entre as crises de 1929 e a atual, que começou em 2008: "Obama adotou as idéias de John Maynard Keynes. Basicamente, a análise de Keynes ainda é muito importante - com uma grande diferença entre agora e os anos 30. Nos anos 30, os governos praticamente não tinham dívidas e podiam arcar com déficits. Hoje, todos os governos estão pesadamente endividados e isso faz uma grande diferença". O keynesianismo, interpretado pelas fortes inversões estatais, especialmente em infraestrutura, foi fundamental, após a crise de 1929, para a recuperação americana. O programa de sucesso, aplicado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt (eleito em 1932), foi o New Deal.
NEW DEAL: o programa foi estabelecido para recuperar empregos e, à época, os Estados Unidos tinham nada menos do que 14 milhões de desempregados. Roosevelt, contrariando os mandamentos ultraliberais que advogavam mínima intervenção do Estado na economia, deu início a um audacioso plano de obras públicas. Foram recuperados 400 mil quilômetros de estradas, instaladas 40 mil novas escolas e contratados 50 mil novos professores, investiram em saneamento básico e conjuntos esportivos. Nas palavras do professor Renam Garcia Miranda: "A idéia era: o Estado gera empregos, as pessoas voltam lentamente a consumir, as fábricas e as fazendas aumentam a produção, contratam mais mão-de-obra, mais pessoas são reintegradas ao sistema e o capitalismo voltará a florescer".
COINCIDÊNCIAS: a crise de 1929 foi debitada ao governo republicano de Herbert Hoover, 31º presidente americano, considerado um dos piores da história dos Estados Unidos. O descontrole do mercado de capitais, a excessiva liberdade nos negócios mobiliários e uma permanente irracionalidade, onde o investimento em produção era substituído pelo cassino das bolsas, foram fatores decisivos para a instalação da crise. Toda e qualquer semelhança com a crise de 2008 e seus desdobramentos, que seguem em marcha, não é mera coincidência. Significa que os governos não aprenderam e que o liberalismo, levado às últimas consequências, sem regulamentação e controle, é extremamente nocivo ao próprio capitalismo."




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