09/09/2011
INÉRCIA: vozes brasileiras nas universidades, nas centrais de trabalhadores, em artigos de fundo na grande imprensa, em pequenas manifestações, mesmo que timidamente, começam a se preocupar com a inércia dos chamados formadores de opinião (imprensa, estudantes, organizações sindicais, igrejas, conselhos profissionais e organizações sociais ou não governamentais) diante dos descalabros nacionais, espécie de apagão da moralidade brasileira. O país está chegando a um ponto de exaustão. Exaustão com a corrupção e os desmandos administrativos. Exaustão com os abusivos preços da energia, da telefonia e dos transportes, todos atrelados a uma inequívoca má qualidade. Exaustão com a burocracia e a ineficiência pública nos serviços de educação e saúde. Seria longa a lista, um mar de iniquidades e pouquíssimas ilhas de excelência. Não é mais tolerável que, de três orçamentos públicos um vá para o ralo. A gota dágua poderá ser um novo imposto, um escândalo de proporções gigantescas ou um desastre ecológico. Por enquanto, nem mesmo o assassinato de uma juíza no Rio de Janeiro foi suficiente para acordar os brasileiros. Não se sabe qual a singularidade que provocará o big-bang, mas que ele está chegando, não resta dúvida. No Sete de Setembro houve um importante ensaio.
NA CONTRAMÃO: o governo sinaliza na direção de salvar" o etanol, conforme manchete da Folha de São Paulo (31-08-11). Diz que há pouco investimento, o que, definitivamente, não é verdade. Há muitos anos, incentivos e créditos têm sido oferecidos à lavoura canavieira e às usinas, inclusive pelo nosso mão-aberta BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Chegou-se a discutir se essa era uma medida sensata, já que a cana roubava grandes áreas da agricultura tradicional e prejudicaria a produção de alimentos. No entanto, o Brasil seguiu nessa política e a produção de carros flex bateu recordes sucessivos, além do aumento percentual de adição do álcool à gasolina. Enquanto isso, cresceu também o poder político do setor, restabelecendo o poder dos usineiros, grande no passado colonial. Hoje, eles querem redução de impostos, mais créditos e outras benesses públicas. Está na hora do país ser mais consequente na adoção de políticas energéticas.
A HORA E A VEZ DOS COREANOS: a esmagadora máquina publicitária dos produtos coreanos nos coloca todos os dias frente às marcas Samsung, Hyundai e outras. Agora, o Brasil está entre os dez países que mais recebem recursos a título de investimentos provenientes da Coréia do Sul, com ampla diversificação das atividades, não só mais veículos e produtos eletrônicos, mas também estaleiros e máquinas. Benjamin Sicsu, vice-presidente da Samsung para a América Latina, disse, em entrevista à Folha de São Paulo (24-08-11) que "o Brasil hoje é o quinto maior mercado do mundo em faturamento para a Samsung Eletronics e queremos chegar ao terceiro lugar em um ano e meio, atrás apenas da China e dos EUA".
DISCREPÂNCIA: qual a discrepância cambial entre Brasil e China? Segundo estimativas do Instituto Peterson ela é abismal, nada menos do que 40% (quarenta por cento mesmo!), o que, em termos de competitividade industrial, é um exagero. Esses 40% são compostos por 25% de desvalorização do yuan frente ao dólar e mais 15% de valorização do real frente ao mesmo dólar. Essa posição da moeda chinesa não deixa de ser um subsídio disfarçado. Há inúmeras formas de compensar essas assimetrias, mas, parece, as medidas têm sido insuficientes. Ultimamente, o governo brasileiro se mostra mais disposto a aplicar sanções e tem tomado atitudes compensatórias, como a elevação de tarifas ou a valoração aduaneira dos produtos importados (para fins tributários). Todavia, continuamos sendo inundados por bugigangas chinesas.
MINERAÇÃO: menos mal que a presidente Dilma Rousseff queira melhorar a forma de concessão das áreas para a exploração de minerais considerados estratégicos. Há um novo marco regulatório em preparação para ser enviado ao Congresso Nacional. Resta saber por que funcionários do Ministério de Minas e Energia estão contra as novas medidas. Alegar somente maior complexidade, como afirmaram à Folha de São Paulo, em 25 de agosto, é simplesmente declarar incompetência. UGTpress está à disposição para os esclarecimentos dos servidores do Ministério e do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral)."
UGT - União Geral dos Trabalhadores