05/09/2011
OS IMPOSTOS SÃO NECESSÁRIOS: uma das razões da crise americana, além de seus gastos astronômicos em defesa (defesa?), foram as constantes reduções de impostos federais nas últimas décadas. Com unidades federativas fortes, ancoradas no IVA (Imposto de Valor Agregado), a União se viu desesperada diante de compromissos financeiros crescentes e receitas reduzidas. O resultado pode gerar a mais dramática crise mundial. Vai ser preciso muito juízo, discernimento e coragem para recompor o orçamento americano. Barack Obama já mostrou que não está à altura do desafio.
A MODA DO DÉFICIT ZERO: o mundo assiste a disseminação de uma nova onda orçamentária, que avança como um rastilho de pólvora: o déficit zero. Especialistas, economistas ortodoxos e os principais líderes mundiais (Angela Merkel à frente) estão defendendo inclusive que o déficit zero" seja uma disposição constitucional, de forma a forçar os governos a não gastarem mais do que arrecadam.
VER PARA CRER: Dilma Rousseff, presidente do Brasil, tem falado a respeito da destinação de recursos públicos, especialmente aqueles com objetivos pré-fixados. Criticou a situação existente no período da antiga CPMF, falando o que todos sabem: que o dinheiro não chegou ao destino. Disse que, no caso do pré-sal, cada centavo vai chegar ao lugar certo. O debate refere-se à obtenção de nova fonte de financiamento para a saúde brasileira. A presidente não foi explícita o suficiente sobre iniciativas do governo a respeito do tema, mas deixou antever que vai precisar de dinheiro novo para o setor.
POLÊMICA: aumentar ou diminuir a taxa de juros no Brasil parece ser um exercício para a diversão de especialistas. As opiniões são diferentes, contraditórias e vazadas em economês pouco claro. Há polêmica brava. De um lado, muitos deles dizendo que o Banco Central se precipitou e corre o risco de ter crescimento baixo com inflação alta. De outro, muitos achando que o Banco Central acertou e a medida preventiva serviu como antídoto para a provável piora da crise global. Outros, ainda passaram a duvidar da autoridade do Banco Central, achando que há interferência política em assuntos eminentemente técnicos. Vá entender! A UGT (União Geral dos Trabalhadores) sempre sinalizou favoravelmente à queda das taxas de juros, que no Brasil ainda são as maiores do mundo.
DE NOVO, A HORA E A VEZ DOS JOVENS: no mundo todo, os jovens estão se manifestando. Em alguns países, houve manifestações com milhares deles. Começou no mundo árabe, está na Espanha e tem um nome bonito na Islândia: "Vozes ao Vento". No Chile, a ameaça do governo relacionada com a reforma na educação colocou os jovens na rua, em manifestação inédita. A corrupção na Índia provocou uma ruidosa greve de fome, apoiada por jovens em diversos pontos do país. No Brasil, os descalabros administrativos e a corrupção endêmica, já considerada uma das maiores do mundo, ainda não foi suficiente para colocar os jovens na rua. Todavia, há esperanças de que ainda se possa ver novamente os jovens e os trabalhadores, de mãos dadas, em defesa de uma administração pública decente.
NOTÍCIA BEM BRASILEIRA: "carro flex pode fracassar". Timidamente, nas páginas econômicas, os usineiros (sabe-se-lá o motivo) informaram que os carros flex podem ter os seus dias contados, como ocorreu com os carros puramente a álcool nos tempos do Pró-Álcool. A tendência, segundo a própria Associação de Produtores (Única), é cair o consumo do etanol hidratado, de tal forma a inviabilizar os carros flex. A revelação é, no mínimo, estranha, até porque o governo impõe a adição do álcool hidratado à gasolina, garantindo um mercado cativo aos produtores de álcool. Os produtores são oportunistas e privilegiam um dos produtos (açúcar ou álcool) conforme a cotação do mercado. Que tal baixar o índice de adição de álcool à nossa já péssima gasolina? Assim, quem sabe, sobraria mais álcool à disposição do mercado e forçaria uma saudável baixa nos preços.
HOJE, UM FENÔMENO AMERICANO. AMANHÃ? o crescimento de grupos radicais de direita, especialmente ancorados em cultura religiosa e política, como é o caso do Tea Party, nos Estados Unidos, vem determinando comportamentos eleitorais diversos e impressionantes. Lá, embora a imprensa venha tratando o assunto como um fenômeno contemporâneo, a tendência foi consolidada ao longo de décadas, na medida em que grupos religiosos e grandes magnatas passaram a determinar o conteúdo das mídias, influenciando a opinião pública. O Brasil assiste também o crescimento desses grupos - rádios e TVs, em boa parte, já estão em mãos de religiosos e políticos - e não será surpresa se tivermos por aqui alguma coisa parecida com o Tea Party, afinal um grupo "que nem é possível determinar quantos partidários possui", nas palavras do professor Dominic Boyer, da Universidade Rice (USA)."
UGT - União Geral dos Trabalhadores