16/08/2011
CAÇA AOS CORRUPTOS: nem pense que a presidente Dilma Rousseff está promovendo uma caça aos corruptos. Não haveria cadeia suficiente no Brasil. O que a espanta (e a todos nós) é que nossa endêmica corrupção atingiu níveis inacreditáveis, com os comensais se esbaldando impunemente cada vez mais. Não há limite no apetite por comissões, do mais alto ao mais baixo dos funcionários com algum poder de decisão. Todos querem ganhar muito, o que eleva substancialmente o preço das obras públicas, calculando-se de três a dez vezes o que cada uma custaria normalmente. Então, simples e timidamente, a presidente vem passando um recado: tenham comedimento, roubem menos!
VAI PERDER: mas, como a corrupção é algo que se instalou nos escalões dos diversos poderes, a briga se tornou inglória (ya conocemos los resultados"). Dilma Rousseff vai perder a parada. No Brasil, já se conhece bem a expressão "de porteira fechada", que se refere a autarquias, fundações, empresas públicas e ministérios. Quando o donatário toma posse, lá se vão os bons costumes públicos (se é que eles existiram algum dia no Brasil). O que assusta é a ausência de manifestações: sequer um grupinho de gatos pingados saiu à rua para apoiar e dizer "presidente, vá em frente, o país necessita dessa limpeza". Ela, sem apoio, como se diz, "vai morrer na praia". Acorda Brasil!
O VELHO FRANCO SUÍÇO: os brasileiros que viajaram para a Europa e que passaram pela Suíça neste mês de agosto, puderam constatar o vigor do velho franco suíço, uma das moedas mais sólidas do mundo. Moeda considerada de refúgio, em função de sua estabilidade, o franco suíço já está valendo tanto quanto o euro. A moeda apareceu em 1850, fruto da união monetária entre os cantões suíços, tendo como paridade inicial o franco francês. Além da Suíça, o Principado de Liechtenstein também adota a moeda. Em certa época, não faz muito tempo, antes de outros paraísos fiscais, se dizia que na Suíça estava o resultado dos grandes roubos, incluindo aqueles provenientes da corrupção. Muito brasileiro deve ter dinheiro por lá.
ADVOGADOS: os advogados no Brasil, inclusive por legislação explícita, aprofundada e reforçada no governo Itamar Franco, têm muito poder. Seus escritórios são indevassáveis e suas ações não sofrem qualquer reparo. Agora, com a internacionalização da economia brasileira, maior volume de negócios e de empresas trabalhando no país, vários escritórios internacionais de advocacia estão se instalando por aqui. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já anunciou estudos para limitar a atuação desses grandes escritórios. O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, disse à Folha de São Paulo (21-07-11): "Cabe à OAB nacional decidir se é necessário acrescentar algo à regulamentação já existente... É importante discutir a questão, já que tem aumentado a pressão pela abertura desse mercado no Brasil".
O QUE VOCÊ NÃO VÊ NOS AEROPORTOS BRASILEIROS: os aeroportos nacionais são pequenos, com poucas e curtas pistas de pouso e decolagem, espaços diminutos, muita gente aglomerada (o número de roubos cresce assustadoramente), os box são mal distribuídos, privilégios inconcebíveis e algumas outras mazelas que acabam desapercebidas, exatamente pela quantidade de problemas existentes. Entre essas mazelas, estão instalações sem manutenção: é comum ver banheiros interditados e sujeira acumulada. Não bastasse isso tudo, as filas são desorganizadas e intermináveis, a comunicação é precária e os funcionários (em geral, terceirizados) destreinados, trombando uns com outros. Os passageiros, entre o pouso da aeronave e a retirada das bagagens, gastam no mínimo uma hora. Somados aos inúmeros problemas das companhias aéreas, principalmente as nacionais, com seus atrasos e improvisações, os passageiros vivem uma verdadeira via crucis.
CADÊ O GERENTE? no início do governo, a presidente Dilma Rousseff acenou com uma boa idéia, já praticada em muitos países: a de criar gerentes para a administração dos aeroportos. Provavelmente, esbarrou na obstinação daqueles que têm o domínio da atual bagunça, aqueles que "gostam das duanas", nas palavras do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Vamos aguardar o desastre da Copa do Mundo, esperando que consertem para as Olimpíadas, pois estas serão numa única cidade."
UGT - União Geral dos Trabalhadores