12/04/2011
VISITA À CHINA: estrategicamente, Dilma Rousseff está em visita à China. Coincidentemente, nesse período ela completa os seus primeiros 100 dias de governo. Nossa nova presidente só voltará ao Brasil no próximo sábado, 16 de abril. Dilma tem por lá encontros muito importantes (talvez uma das viagens mais importantes feitas por um presidente brasileiro ao exterior): presidente Hu Gintao, primeiro-ministro Wen Jiabao e presidente da Assembléia do Povo Wu Bangguo. Além disso, Dilma participa da III Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul), de reuniões bilaterais diversas e do 10º Fórum Asiático de Boao. Existe um profundo desequilíbrio qualitativo na pauta de trocas comerciais entre Brasil e China. O Brasil exporta produtos primários e a China nos vende produtos com alto valor agregado. Aloizio Mercadante, ministro brasileiro de Ciência e Tecnologia, deu um exemplo: o Brasil precisa vender 21,5 mil toneladas de minério de ferro ou 1.700 toneladas de soja para comprar uma tonelada de semicondutores".
ANÁLISES: a visita à China da presidente brasileira resulta extremamente propícia para se analisar mais profundamente a relação entre os dois países, segundo previsões, gigantes do futuro. Não se sabe se o Itamaraty tem modelos e sistemas com capacidade para examinar os prováveis cenários futuros, mas seria bom o nosso Ministério de Relações Exteriores se capacitar tecnicamente para isso. Na falta de uma voz oficial credenciada, surgem muitos palpites e opiniões. Há analistas para todos os gostos. Um dos mais categorizados é o professor Antonio Barros de Castro, consultor do Conselho Empresarial Brasil-China, autor de vários livros, um no mínimo interessante - Doença Holandesa e Indústria, edição FGV -, sobre apreciação do câmbio e desindustrialização. Diz o professor Barros de Castro: "Hoje temos três bons problemas: segurar o balanço de pagamentos por 10 ou 15 anos com petróleo e produtos agrícolas
manter a expansão do mercado interno colocando areia para limitar sua ocupação por importações
e desenvolver o potencial industrial visando não otimizações, mas mudanças. Não tem que melhorar, tem que mudar. Otimização a China faz melhor" (Folha de São Paulo, A-15, 11/4).
DINHEIRO FÁCIL: a imprensa brasileira sempre alude ao dinheiro fácil das centrais de trabalhadores do Brasil, argumentando contra a contribuição sindical obrigatória. Desta vez, sem ser novidade, o jornal "O Estado de São Paulo", em editorial, volta a cometer uma injustiça e um engano: "sem nenhum esforço, pois o dinheiro é repassado automaticamente pelo governo, as centrais sindicais receberam no ano passado R$ 102,2 milhões ..." (A-3, 11-4). Nenhuma restrição tem a União Geral dos Trabalhadores ao comentário e ao editorial, desde que o importante e lendário jornal paulista também se debruçasse sobre as contribuições sindicais patronais, de muito maior vulto. As confederações patronais também recebem suas contribuições sindicais, mantendo com elas seus grandes aparatos corporativos. Ou seria possível, por exemplo, manter a sede da poderosa Fiesp na Avenida Paulista, em São Paulo, sem as contribuições sindicais? Esquece-se ainda a imprensa brasileira de aludir sobre o controle do "Sistema S", totalmente nas mãos dos patrões e responsável pelo manuseio de alguns bilhões de reais. Se ainda o instituto da contribuição sindical obrigatória não caiu no Brasil, não foi pela força política dos trabalhadores e sim pela capacidade de articulação dos empresários. Como se diz no interior: "Devagar com o andor que o santo é de barro".
MORTE: no sábado, 9 de abril, faleceu o jornalista Elpídio Reali Júnior. Ele foi durante 38 anos, correspondente em Paris, entre outros veículos, da Rádio Jovem Pan. A mudança do jornalista para o exterior se deveu a problemas com a ditadura brasileira. Reali Júnior, como era chamado, fez de sua casa em Paris a verdadeira embaixada do Brasil para os perseguidos e exilados. O Brasil inteiro acostumou-se a ouvi-lo. Casado, com quatro filhas, deixa o livro de memórias "Às margens do Sena" (Ediouro, 20-07).
FRASE: "Manda quem pode e obedece quem tem juízo, desde que aqueles que mandam, tenham juízo". Elio Gaspari, Folha de São Paulo, A-14, 10-04-11.
DATA IMPORTANTE: nesta semana (12-4), o voo de Yuri Gagarin completa 50 anos. Os jovens da emblemática década de 60 se lembram da aventura de 108 minutos e da famosa frase de Yuri: "A terra é azul", certamente uma das mais importantes frases da história da humanidade, a primeira pronunciada do espaço. O voo soviético provocou uma corrida entre União Soviética e Estados Unidos para a conquista do espaço, levando à decisão americana (John F. Kennedy) de aterrissar na lua.
ATÉ A ABL: a pomposa Academia Brasileira de Letras, sob o pretexto de homenagear o escritor José Lins do Rego por seus 110 anos, distribuiu a Medalha Machado de Assis, a maior honraria da Casa, a várias personalidades, entre elas o técnico Wanderley Luxemburgo e o jogador Ronaldinho Gaúcho. Sem comentários..."
UGT - União Geral dos Trabalhadores