24/03/2011
VERGONHA: Em SP, 23% acabam 2º ano sem ler e escrever" é a manchete da página A24, do jornal "O Estado de São Paulo" (22-03). É o tipo de manchete que dispensa a leitura do texto. Os dados são da "Prova São Paulo" e referem-se à capital paulista, a segunda maior cidade da América Latina, a mais rica e populosa do Brasil. De positivo, a aplicação da prova, começada em 2007, quando o mesmo número estava em 39%. Houve avanço. Mas, não deixa de ser uma vergonha e não há como não se indignar com essa triste constatação.
PRIVILEGIADOS: entrevista de autoridade do trânsito da capital paulista revela que apenas um por cento da população utiliza carros nas horas de pico: momento de maior movimento, em geral entre 7 e 10 horas e 17 e 20 horas. Nessas seis horas, o engarrafamento pode chegar, como chegou na última segunda-feira, a quase 150 quilômetros. Com isso, a população trabalhadora, que utiliza os limitados transportes coletivos, demora muito para chegar ao local de trabalho. Os danos na saúde física e mental, a queda na produção e o encarecimento do custo de vista são evidentes. E muitos ficam aplaudindo o trem-bala e outras obras não prioritárias que sugam o orçamento público, em detrimento, por exemplo, do metrô paulistano. Está na hora das centrais de trabalhadores começarem a olhar para esses absurdos da administração pública brasileira.
INTERFERÊNCIA POLÍTICA: a notícia veiculada na grande imprensa brasileira de que o governo brasileiro tem interesse em substituir Roger Agnelli do cargo de presidente da Cia. Vale do Rio Doce, significa que, mesmo depois de privatizada, a Vale segue tendo interferências de caráter político. Agnelli assumiu a Vale quando a empresa era a oitava mineradora do mundo e seus lucros não chegavam a 10% dos valores atuais. Em 2010, a Vale teve lucros de mais de 30 bilhões de dólares e se tornou a segunda maior mineradora do mundo. Mas, como o governo brasileiro pode influenciar na escolha do presidente da Vale? Através de pressão sobre grupos privados (a Bradespar é o maior) e sobre os fundos de pensão. O país mudou, mas não muito.
POTENCIAL ENERGÉTICO: com o desastre de Fukushima, cresceu a importância da geração de energia por hidrelétricas, um potencial ainda bastante significativo no Brasil. Por isso, cada vez mais, são essenciais as usinas programadas para a região norte, principalmente aquelas do rio Madeira. Mas, existem inúmeros problemas: questões ambientais e trabalhistas estão criando dificuldades para a execução das obras e as empreiteiras estão reclamando da falta de condições logísticas. Enfim, há problemas estratégicos, cuja solução é vital para a continuidade do programa energético brasileiro. Avisar é preciso: as empreiteiras têm que cumprir a legislação trabalhista, previdenciária e ambiental. Por isso, o veemente protesto da União Geral dos Trabalhadores - UGT.
BRASIL/ESTADOS UNIDOS: passado o vendaval da visita de Barack Obama ao país, começam a aparecer as análises e comentários mais bem fundamentados sobre os resultados do estreitamento de relações entre os dois países. Alguns dos acordos assinados são simples promessas para o futuro, devendo ser gradualmente implementados. Outros, no entanto, podem já ser contabilizados. É o caso, por exemplo, da liberação dos voos comerciais para as empresas aéreas dos dois países. Como nossas empresas são poucas e estão saturadas, as companhias americanas vão lucrar com essa liberação. Mais importante foi a criação de comissão bilateral para "discutir anualmente o direito de propriedade intelectual, comércio de serviços e assuntos similares". Todo cuidado é pouco. "
UGT - União Geral dos Trabalhadores