UGT Press

O CASO LÍBIA: pouca diferença existe entre os países fornecedores de petróleo: ditaduras longevas, regimes fortes, exércitos armados até os dentes e liberdades individuais limitadas. Mubarak caiu e o coronel Muammar el Gaddafi resiste, fazendo de Trípoli sua última trincheira. Independentemente do que acontecer, a culpa será do Ocidente. Segundo a imprensa européia, as potências mundiais permitiram os desmandos de Gaddafi (e de outros líderes montados sobre petróleo), enquanto recebiam milhões de barris diários de petróleo. Dinheiro que, em parte, voltava aplicado em bancos, empresas ocidentais ou compra de armas. Gaddafi tem interesses até no futebol inglês. É bom lembrar que enquanto os Estados Unidos condenavam Sadam Hussein, eles igualmente recuperavam Gaddafi aos olhos do mundo. Deu no que deu.

ACONTECIMENTOS DO ORIENTE MÉDIO: o que está acontecendo naquela parte do mundo não são simplesmente focos de rebeliões desordenadas. É o destampar de um vulcão. Milhões de pessoas cansadas de assistir passivamente a supressão de suas liberdades, mulheres enfadadas com a opressão histórica, jovens desiludidos e sem perspectivas, todos vendo os recursos do petróleo sustentar ditaduras e manter exércitos armados em função de convenientes guerras religiosas. O Ocidente é o fornecedor de armas, um negócio que movimenta bilhões de dólares. Não há como não se revoltar diante de um quadro desses. Tomara que não seja só uma onda, mas sim uma mudança de época, de paradigma, algo parecido com a Revolução Francesa.

DINHEIRO NA SUÍÇA: levantam-se vozes importantes pelo congelamento de dinheiro depositado na Suíça. As contas de Mubarak e Gaddafi foram bloqueadas, o que não significa muito. Mas, há gente do mundo todo com dinheiro espúrio na Suíça e nos paraísos fiscais. Segundo o jornal O Estado de São Paulo" (20-02-11), os "brasileiros têm mais dinheiro na Suíça do que chineses, indianos ou árabes". Você sabia que um senador do Mato Grosso do Sul, pertencente aos quadros do PT (Partido dos Trabalhadores), Delcídio Amaral, é autor de um Projeto de Lei que concede vantagens fiscais para os que repatriarem os seus recursos, enviados ilegalmente ao exterior? Isso é a oficialização da corrupção e da sonegação. O projeto está aguardando votação na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Se a moda pega...

PARAÍSOS FISCAIS: as multinacionais estão pagando, legalmente, menos impostos. Com sofisticadas redes de filiais e sucursais espalhadas pelo mundo, são capazes de gigantescas transferências financeiras não tributadas. O jornal espanhol "El País" (27-02-11) denunciou que "a maior empresa do mundo utiliza a Espanha como paraíso fiscal: ExxonMobil Spain ganhou 10 bilhões de dólares em dois anos sem pagar um euro de imposto." Os mecanismos são complicados, somente ao alcance de especialistas, mas as brechas encontram-se na legislação que protege contra a bitributação ou que oferece tributação privilegiada nos casos de operações financeiras. Se isso acontece dentro da União Européia, o que dizer de nossas pobres repúblicas latino-americanas?"